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Description

UNIVERSIDADE DE ÉVORA ESCOLA DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

Frente Ribeirinha da Margem Sul do Tejo: Origem, Evolução e Continuidade

Cláudia Rafaela dos Santos Pereira Orientação: Doutora Arq.ª Maria do Céu Tereno Doutor Arq.º António Borges Abel

Mestrado Integrado em Arquitetura Dissertação

Évora, 2019

Esta dissertação não inclui as críticas e as sugestões feitas pelo júri

FRENTE RIBEIRINHA DA MARGEM SUL DO TEJO ORIGEM, EVOLUÇÃO E CONTINUIDADE

Universidade de Évora 2019

AGRADECIMENTOS À minha família e amigos, por todo o apoio e compreensão. À Prof. Doutora Arq.a Maria do Céu Tereno e ao Prof. Doutor Arq.o António Borges Abel, pela orientação, paciência e apoio. A todos aqueles que contribuíram para a elaboração desta dissertação. Ao João.

A presente dissertação rege-se sob as regras do novo acordo ortográfico. Todos os desenhos da autoria do autor, orientados a Norte, foram interpretados e redesenhados sob fontes indicadas nos respetivos elementos.

ÍNDICE

Resumo - Abstract

00 INTRODUÇÃO

Tema e Objetivos...........................................................................................................................................................................12 Motivação e Pertinência da Investigação......................................................................................................................................13 Processo e Metodologia................................................................................................................................................................14 Estado da Arte...............................................................................................................................................................................15 Introdução.....................................................................................................................................................................................17

CAPÍTULO 1 | RIO E MARGEM....................................................................................................................................20

CAPÍTULO 7 | PÓS INDUSTRIALIZAÇÃO E ATUALIDADE....................................................................................................156

1. Estuário do Tejo.........................................................................................................................................................................22 1.1 Hidrografia do Estuário.............................................................................................................................................22 1.1.1 Mapa 1 - Hidrografia do Estuário do Tejo ...............................................................................................26 2. Frente Ribeirinha.......................................................................................................................................................................30 2.1 Topografia da Margem Sul do Tejo.........................................................................................................................................30 2.1.1 Mapa 2 - Topografia da Margem Sul do Tejo........................................................................................................34

12. Pós Industrialização...............................................................................................................................................................158 12.1 Concelhos do Barreiro e Moita.............................................................................................................................159 13. Contexto Atual........................................................................................................................................................................162 13.1 Unidade Geográfica Barreiro-Moita......................................................................................................................162 13.2 Aglomerado Urbano e Evolução Demográfica.....................................................................................................164 13.3 Atividade Económica.............................................................................................................................................168 13.4 Vias de Comunicação............................................................................................................................................170 13.5 Topografia, Paisagem e Espaços Verdes................................................................................................................172 13.6 Património..............................................................................................................................................................176 13.6.1 Arquitetura Religiosa............................................................................................................................176 13.6.2 Arquitetura Civil....................................................................................................................................177 13.6.3 Arquitetura Industrial............................................................................................................................178 13.6.4 Núcleos Históricos...............................................................................................................................182 13.6.4.1 Núcleo Antigo do Barreiro.................................................................................................182 13.6.4.2 Núcleo Antigo de Alhos Vedros.........................................................................................184 13.6.4.3 Núcleo Antigo da Moita......................................................................................................186

CAPÍTULO 2 | ORIGENS............................................................................................................................................38

01 ESPAÇO E

TEMPO

3. Origem.......................................................................................................................................................................................40 3.1 Evolução Histórica...................................................................................................................................................................40 3.2 Período Romano........................................................................................................................................................42 3.3 Período Visigótico e Período Islâmico......................................................................................................................46 3.4 Reconquista..............................................................................................................................................................50 3.5 Organização e Desenvolvimento dos Termos até ao século XV..............................................................................52 3.6 Concelho do Ribatejo no Termo de Palmela.............................................................................................................54 3.7 Principais Setores de Ocupação Profissional na época..........................................................................................56

CAPÍTULO 3 | BANDA D’ALÉM....................................................................................................................................58 4. Concelhos Ribeirinhos...............................................................................................................................................................60 4.1 Antigo Concelho de Alhos Vedros............................................................................................................................60 5. Economia Regional...................................................................................................................................................................64 5.1 Principais Setores de Atividade até ao século XIX..................................................................................................64 5.1.1 A Agricultura, a Viticultura e a Salicultura...............................................................................................64 5.1.2 A Pesca, os Portos Fluviais e a Construção Naval.................................................................................66 5.1.3 A Moagem e a Panificação.....................................................................................................................68 5.1.4 Complexos Industriais.............................................................................................................................76 5.1.5 Fábricas Têxteis......................................................................................................................................80 5.1.6 Fábricas de Seca do Bacalhau.................................................................................................................82

CAPÍTULO 4 | CONSTRUÇÃO DA CIDADE.......................................................................................................................86

02 TEORIA DA

CIDADE INDUSTRIAL

6. Cidade, Indústria e Desenvolvimento.......................................................................................................................................88 6.1 Utopias do Século XIX..............................................................................................................................................90 6.2 A Carta de Atenas......................................................................................................................................................92

CAPÍTULO 5 | PROCESSOS DE MUDANÇA.....................................................................................................................96 7. Cidade Expandida - Cidade Fragmentada...............................................................................................................................98 7.1 A Expansão...............................................................................................................................................................98 7.2 A Cidade Metrópole Polinucleada.............................................................................................................................99 8. Sistema de Mobilidade Urbana...............................................................................................................................................100 9. Transformação das Frentes de Água.......................................................................................................................................102

CAPÍTULO 6 | INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO............................................................................................................106

03 LUGAR

10. Industrialização......................................................................................................................................................................108 10.1 Concelhos do Barreiro e Moita.............................................................................................................................108 10.2 Caminho de Ferro Sul e Sueste (Barreiro-Vendas Novas)...................................................................................110 10.3 Complexo Ferroviário do Barreiro.........................................................................................................................112 10.4 Indústria Corticeira................................................................................................................................................114 10.5 Companhia União Fabril........................................................................................................................................116 11. Evolução dos Concelhos do Barreiro e Moita.......................................................................................................................118 11.1 Desenvolvimento Industrial e Urbano...................................................................................................................118 11.2 Desenvolvimento da Unidade Concelhia (1900-2000).........................................................................................122 11.2.1 Desenvolvimento urbano no ano de 1900..........................................................................................122 11.2.1.1 Mapa de 1904....................................................................................................................124 11.2.2 Desenvolvimento urbano no ano de 1910..........................................................................................126 11.2.1.2 Mapa de 1916....................................................................................................................126 11.2.3 Desenvolvimento urbano no ano de 1920..........................................................................................128 11.2.4 Desenvolvimento urbano no ano de 1930..........................................................................................130 11.2.4.1 Mapa de 1930....................................................................................................................132 11.2.5 Desenvolvimento urbano no ano de 1940..........................................................................................134 11.2.5.1 Mapa de 1941....................................................................................................................136 11.2.6 Desenvolvimento urbano no ano de 1950..........................................................................................138 11.2.6.1 Mapa de 1953....................................................................................................................140 11.2.7 Desenvolvimento urbano no ano de 1960..........................................................................................142 11.2.7.1 Mapa de 1961....................................................................................................................146 11.2.8 Desenvolvimento urbano no ano de 1970..........................................................................................148 11.2.9 Desenvolvimento urbano no ano de 1980..........................................................................................152 11.2.9.1 Mapa de 1980....................................................................................................................154 11.2.10 Desenvolvimento urbano no ano de 1990........................................................................................156 11.2.10.1 Mapa de 1993..................................................................................................................156 11.3 Cronologia - Acontecimentos e Consequências Urbanas...................................................................................158

03 LUGAR (CONTINUAÇÃO)

CAPÍTULO 8 | PLANOS E PROJETOS..........................................................................................................................190 14. Planos de Ordenamento Regionais.......................................................................................................................................192 14.1 Planos e Anteplanos de Urbanização...................................................................................................................192 14.2 Plano Diretor da Região de Lisboa (PDRL)...........................................................................................................192 14.3 Operação Integrada de Desenvolvimento da Península de Setúbal (OID-PS) e Plano Integrado de Desenvolvimento do Distrito de Setúbal (PIDDS)..........................................................................................................................195 14.4 Plano Regional de Ordenamento do Território da AML (PROT-AML) ..................................................................196 14.5 Proposta de Alteração do PROT-AML...................................................................................................................198 15. Planos de Estratégia e Desenvolvimento..............................................................................................................................200 15.1 Planos de Fomento...............................................................................................................................................200 15.2 Estratégias de Desenvolvimento Urbano.............................................................................................................201 15.3 Programas Comunitários......................................................................................................................................202 16. Planeamento Municipal.........................................................................................................................................................204 16.1 PDM da Moita e PDM do Barreiro.........................................................................................................................204 16.2 PDM do Barreiro (1994)........................................................................................................................................206 16.3 PDM da Moita (2010).............................................................................................................................................212

CAPÍTULO 9 | IMPACTO URBANO...............................................................................................................................218 17. As Vias de Comunicação na Margem Sul.............................................................................................................................220 17.1 Ponte 25 de Abril...................................................................................................................................................222 17.2 Ponte Vasco da Gama...........................................................................................................................................226 18. Projeto da Terceira Travessia do Tejo....................................................................................................................................230 18.1 Impacte no desenvolvimento do Barreiro e Moita................................................................................................230

04 CENÁRIOS FUTUROS

CAPÍTULO 10 | PROPOSTA DE INTENÇÕES..................................................................................................................242 19. Revitalização da Frente Ribeirinha: Potencialidades e Problemas.....................................................................................244 19.1 Intervenções..........................................................................................................................................................244 19.1.1 Requalificação dos núcleos urbanos ribeirinhos.................................................................................244 19.1.2 Regeneração dos espaços industriais abandonados ou em declínio ...............................................246 19.1.3 Revalorização dos espaços naturais ou naturalizados.......................................................................246 19.2 Locais e áreas de interesse: percursos................................................................................................................248 19.3 Atividades ligadas ao rio.......................................................................................................................................250 19.4 Zonas problemáticas.............................................................................................................................................252 19.5 Programas atuais existentes.................................................................................................................................256 20. Revitalização da Frente Ribeirinha: Desenho Urbano..........................................................................................................258 20.1 Zona A...................................................................................................................................................................262 20.2 Zona B...................................................................................................................................................................264 20.3 Zona C...................................................................................................................................................................266 20.4 Zona D...................................................................................................................................................................268 20.5 Zona E...................................................................................................................................................................270 20.6 Zona F....................................................................................................................................................................274 20.7 Zona G...................................................................................................................................................................276 20.8 Zona H...................................................................................................................................................................278 20.9 Zona I.....................................................................................................................................................................280 20.10 Zona J..................................................................................................................................................................282

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................284 ÍNDICE DE FIGURAS E BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................288 Índice de Figuras ........................................................................................................................................................................290 Bibliografia...................................................................................................................................................................................294

05 CONSIDERAÇÕES FINAIS

RESUMO

Frente Ribeirinha da Margem Sul do Tejo: Origem, Evolução e Continuidade

Riverfront on the Southern Shore of the Tagus: Origin, Evolution and Continuity

A Frente Ribeirinha da margem Sul, desde o início da fixação humana, acolheu diversas atividades primárias, tendo constituído nos séculos XV e XVI, parte da área de influência económica de Lisboa. Pelas suas qualidades e potencialidades, esta região desenvolveu-se em função do rio gerando diversas dinâmicas de ocupação urbana. Depois do processo de industrialização no século XIX e do grande desenvolvimento dos aglomerados urbanos, os concelhos ribeirinhos sofreram um colapso industrial, afetando-os profundamente, enfrentando atualmente um processo de reconfiguração territorial, social e económica principalmente nos núcleos históricos.

The Riverfront on the southern shore, since the beginning of human settlement, hosted several primary activities, having built in the fifteen and sixteen centuries, part of the area of economic influence of Lisbon. For its qualities and potentials, this region has developed in function of the river generating several dynamics of urban occupation. After the process of industrialization in the nineteenth century and the great development of urban agglomerations, the riverside municipalities suffered an industrial collapse, affecting them deeply, facing a process of territorial reconfiguration, Social and economic mainly in the historical center.

Esta dissertação tem como objetivo central o estudo dos concelhos ribeirinhos da margem sul ao longo dos seus processos de transformação, procurando também responder a algumas questões futuras, nomeadamente ao que acontecerá no território com a introdução da Nova Travessia do Tejo, como será a articulação dos concelhos do Barreiro e Moita com esta nova via de comunicação, e como funcionará a unidade concelhia Barreiro-Moita como nova centralidade de ligação direta à capital. Perante a investigação realizada para esta dissertação, podemos afirmar que a Nova Travessia irá gerar um novo ordenamento no território, possibilitando uma nova centralização da população nos núcleos urbanos antigos por se conseguirem deslocar de uma forma mais eficaz e rápida.

Palavras-Chave: Margem Sul, Frente Ribeirinha, Desenho Urbano, Indústria, Lisboa.

This dissertation has as its central objective the study of the municipalities bordering the South bank throughout its processes of transformation, also seeking to respond to some future issues, in particular to what will happen in the territory with the introduction of the new Crossing the Tagus, as will be the articulation of the municipalities of Barreiro and thicket with this new way of communication, and how the unit district Barreiro-Moita as a new centrality of direct connection to the capital. In the face of the research conducted for this dissertation, we can say that the new crossing will generate a new order in the territory, enabling a new centralization of the population in the old urban nuclei because they can move in a more effective and fast.

Keywords: Southern Shore, Riverfront, Urban Design, Industry, Lisbon.

00 I

NTRODUÇÃO

TEMA E OBJETO

OBJETIVOS

MOTIVAÇÃO E PERTINÊNCIA DA INVESTIGAÇÃO

Importa ter presente que os concelhos da Margem Sul do Estuário do Tejo, foram dos que mais desenvolvimento obtiveram durante o século XX, em resultado dos novos complexos industriais que aqui se fixaram e vias de comunicação edificadas. Desta forma, a presente dissertação tem como tema o estudo dos concelhos ribeirinhos pertencentes a esta margem e a relação que estes tiveram com a capital ao longo dos séculos, procurando entender os acontecimentos que potenciaram o desenvolvimento destes aglomerados urbanos.

Esta dissertação tem como objetivo central o estudo dos concelhos ribeirinhos da margem sul ao longo das suas dinâmicas de transformação do território, procurando também responder a algumas questões futuras, nomeadamente ao que acontecerá na região com a introdução da Terceira Travessia rodo-ferroviária e prolongamento da linha de Metro Sul do Tejo; como será a articulação dos concelhos do Barreiro e Moita com estas novas vias de comunicação; como funcionará a unidade concelhia Barreiro-Moita como nova centralidade de ligação direta à capital; e qual será a revitalização da frente ribeirinha destes concelhos face aos novos projetos para aqui propostos.

A crescente afluência à questão atual em relação aos novos projetos propostos para a Margem Sul do Tejo, a revitalização das frentes de água e a qualificação dos espaços industriais obsoletos, revelaram a necessidade de compreender como funcionava, arquitetónica e urbanisticamente a grande extensão de frente ribeirinha da Margem Sul.

Para atingir estes objetivos é fundamental abranger algumas sub-temáticas, enquadrando o objeto de estudo no espaço e no tempo, analisando a forma como os aglomerados urbanos se formaram no território da Margem Sul e que fatores influenciaram o seu desenvolvimento. Desta forma, será necessário analisar a nível histórico, urbano, demográfico, económico e cultural, os aglomerados ribeirinhos presentes nesta região. Importa estudar o impacte que a indústria e as vias de comunicação tiveram na formação das malhas urbanas dos concelhos, sendo estes os principais dinamizadores da região. Interessa assim, contextualizar a importância dos agentes dinamizadores do território e compreender a forma como estas relações se modificaram ao longo dos anos. Para este efeito, é fundamental identificar no desenho urbano destes concelhos as mutações sofridas, percebendo também as alterações morfológicas e tipológicas dos espaços.

Enquanto habitante da Margem Sul do Estuário do Tejo, estudante de arquitetura e observadora atenta do lugar onde existem diversas marcas das mutações e transformações que este território teve ao longo dos anos, a investigação sobre a frente ribeirinha suscitou interesse enquanto objeto de estudo nesta dissertação. A forma atual dos aglomerados urbanos e a sua dinâmica é indissociável dos eventos ocorridos no passado, sendo um desafio o entendimento dos agentes que contribuíram para o desenvolvimento desta região. A tentativa de revitalização da frente ribeirinha, preservação do património industrial, ressuscitação da memória e impacte de novos projetos de grande escala, justificam a escolha do tema. Em simultâneo, pretende-se contribuir com uma compilação do desenvolvimento e crescimento dos núcleos urbanos e constituir uma base que fomente trabalhos futuros.

O objeto de estudo é composto pelos concelhos ribeirinhos de Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, sendo que são escolhidos como caso de estudo, os concelhos do Barreiro e Moita (unidade territorial), pertencentes ao Antigo concelho de Alhos Vedros, para uma investigação mais profunda do seu desenvolvimento urbano, de forma a podermos entender também os seus possíveis desenvolvimentos e impactes urbanos face às novas vias de comunicação projetadas para este território, nomeadamente a Terceira Travessia e Metro Sul do Tejo.

De forma a identificar os períodos de evolução dos aglomerados urbanos, a produção de cartografia base e desenhos síntese do território é primordial, analisando e refletindo num momento final, com base no contexto atual e novos projetos, sobre os novos usos e novas dinâmicas urbanas que poderão existir no futuro, relativamente ao caso de estudo, projetando uma proposta de intenções que visa a revitalização da frente ribeirinha deste território que desde sempre teve uma grande interação terra-água. Numa primeira fase, considerou-se e analisou-se o território e concelhos pertencentes à Margem Sul do Tejo; numa segunda fase estudou-se a unidade territorial Barreiro-Moita, antigo concelho de Alhos Vedros; e numa terceira fase, aprofundou-se os cenários futuros para esta região e revitalização da frente ribeirinha. Desta forma, estudou-se o posicionamento dos concelhos da Margem Sul e aglomerados urbanos face ao território envolvente; verificou-se a importância da frente ribeirinha e a relação com a capital para a formação e desenvolvimento dos núcleos urbanos; identificou-se as principais fases de transformação e mutação dos núcleos urbanos; e refletiu-se sobre os novos usos e dinâmicas da região; apresentando os resultados nesta dissertação.

A escolha do tema foi fundamentada pela pouca informação e documentação gráfica no que respeita ao estudo da frente ribeirinha e do desenvolvimento urbano e arquitetónico dos concelhos ribeirinhos da Margem Sul do Tejo.

Este estudo centra-se nos concelhos do Barreiro e Moita, uma vez que estes irão receber futuramente as novas infraestruturas pensadas para o território, sendo os que mais importam analisar de forma a entender os impactes urbanos face às novas dinâmicas e transformações previstas para a região. Esta dissertação assenta assim, na possibilidade da realização destes projetos nestes dois concelhos.

CAPÍTULO 0 |INTRODUÇÃO

MOTIVAÇÃO E PERTINÊNCIA DA INVESTIGAÇÃO

13

12

CAPÍTULO 0|INTRODUÇÃO

TEMAS E OBJETIVOS

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Esta dissertação desenvolve-se, simultaneamente, num panorama geral, entre o entendimento da frente ribeirinha da Margem Sul e as alterações e fases de transformação que sofreu, compreendendo também as formas urbanas que os aglomerados urbanos adquiriram ao longo do tempo. Posteriormente, apresentam-se e analisam-se os concelhos do Barreiro e Moita, seguidos de uma análise mais detalhada do seu desenvolvimento exponencial em resultado da industrialização do território e contexto atual e cenários futuros projetados para esta região, finalizando-se numa proposta de intenções de revitalização desta frente ribeirinha, tendo como pressuposto a construção das novas infraestruturas nesta área concelhia. Assim, a presente dissertação estrutura-se em cinco etapas essenciais, que se desenvolvem e colmatam na proposta de intenções para a revitalização da frente ribeirinha dos concelhos em estudo. O presente capítulo, o capítulo zero, integra as explicações técnicas e reflexões sobre a problemática do tema em estudo, apresentando os objetos, os objetivos, as motivações, pertinências do tema, os processos da investigação e os documentos essenciais que fundamentam o desenvolvimento deste estudo. Na Parte 1, procurou-se contextualizar o território enquanto objeto de estudo e compreender os fatores que influenciaram o seu desenvolvimento, abordando a sua génese geo-morfológica, evolução histórica, formação concelhia e economia regional. Na Parte 2, entendeu-se o conceito de cidade industrial, percebendo a forma como a cidade foi construída em função da indústria e que processos de mudança existiram ao longo do tempo até se formar a cidade atual (pós-industrial), compreendendo a expansão da cidade, o sistema de mobilidade urbana e as transformações das frentes de água. Na Parte 3, explorou-se o desenvolvimento da unidade concelhia Barreiro-Moita ao longo dos finais do século XIX até finas do século XX, analisando as dinâmicas e transformações urbanas que a indústria potenciou no território, e contextualizou-se o cenário atual desta região, no período pós-industrial. Na Parte 4, abordaram-se os cenários futuros previstos para esta região, entendendo primeiramente os planos de ordenamento regionais e de planeamento e desenvolvimento municipal, finalizando posteriormente nos impactes urbanos que os projetos de grandes infraestruturas tiveram noutros concelhos da Margem Sul e analisando os impactes que os projetos futuros terão na unidade concelhia em estudo. Na Parte 5, elaborou-se uma proposta de intenções em função da construção dos novos projetos futuros, visando a revitalização e preservação da memória e identidade da frente ribeiri-

nha da Margem Sul do Tejo.

A aproximação ao tema e objeto de estudo é fundamentalmente assente em obras de referência que orientam o conhecimento desta região e seus aglomerados urbanos enquanto elementos de estudo, quer pela sua organização, fatores e formas urbanas, como pela sua relação e dinâmica com a envolvente. O estudo sobre esta região é assente na obra de Maria Alfreda Cruz, A Margem Sul do Estuário do Tejo: Factores e Formas de Organização do Espaço, na dissertação de doutoramento de André Filipe Fernandes, Dinâmicas de Revitalização de Frentes Ribeirinhas no Período Pós-Industrial: o Arco Ribeirinho Sul do Estuário do Tejo, e em António Ventura, A “Banda D’Além” e a cidade de Lisboa durante o antigo regime: uma perspectiva de história económica regional comparada. As reflexões sobre a cidade industrial fundamentam-se nas obras de Françoise Choay, O urbanismo, em Leonardo Benevolo, As origens da Urbanística Moderna e História da arquitectura moderna, em Fernando Chueca Goitia, Breve História do Urbanismo, em François Ascher, Novos Princípios do urbanismo. Seguido de Novos compromissos urbanos. Um léxico, em Teresa Barata Salgueiro A Cidade Em Portugal e Cidade Pós-Moderna: Espaço Fragmentado, e em João Pedro Costa, Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas. A base essencial para o desenvolvimento e execução do estudo sobre os concelhos do Barreiro e Moita consistiu na analise e interpretação das cartas militares referentes ao século XX e cartografia atual gentilmente cedida pelas Câmaras do Barreiro e Moita, na obra de Ana Nunes Almeida, A Fábrica e a Família: Famílias Operárias no Barreiro, em Rosalina Carmona, Do Barreiro ao Alto do Seixalinho: um passado Rural e Operário, na tese de doutoramento de Ana Luísa Estevão, A incerteza no processo urbano: A produção do espaço na Margem Sul do Estuário do Tejo e nos planos diretores municipais do concelho da Moita e Barreiro. Dada a dimensão do caso de estudo e dos objetivos propostos para esta dissertação, muitos outros elementos bibliográficos foram consultados, quer elementos cartográficos, quer documentos escritos, como artigos, revistas, obras e planos . Sendo aqui referidos apenas alguns que, de uma forma ou de outra, revelaram grande importância para o desenvolvimento do trabalho, estando todos os elementos que contribuíram para esta investigação na bibliografia desta dissertação.

CAPÍTULO 0 |INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 0|INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do presente estudo iniciou-se pela escolha do objeto de estudo, considerado pelo interesse na região e frente ribeirinha, e também pelo interesse pessoal em urbanismo e património.

ESTADO DA ARTE

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PROCESSO E METODOLOGIA

INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, estes concelhos viviam em função da sua relação com o rio e com a terra, estando a economia regional desta margem, assente até finais do século XIX, na pesca, na agricultura, na vinha, na salicultura, nos trabalhos nas matas, na moagem, na panificação, na construção e reparação naval, e no transporte de mercadorias e passageiros para a outra margem. A partir do século XIX, novas fábricas locais, principalmente unidades corticeiras, impulsionadas pela Revolução Industrial começaram a localizar-se nesta região. Foi depois deste acontecimento e da implementação dos Caminhos de Ferro Sul e Sueste, que se iniciou o primeiro ciclo de industrialização moderna na Margem Sul, instalando-se indústrias corticeiras, conserveiras e estaleiros navais de ferro/aço, ao longo de toda a frente ribeirinha. O segundo ciclo de industrialização moderna aconteceu já no século XX, com a construção da Companhia União Fabril (Barreiro), Siderurgia Nacional (Seixal), LISNAVE (Almada) e Terminais Portuários Especializados (Almada). Sendo a indústria um dos principais elementos caracterizadores da paisagem moderna da Margem Sul do Tejo. Adquirindo diversas formas e diferentes espaços, o fenómeno industrial foi o que mais marcou este território. A maioria do desenvolvimento que a margem esquerda conquistou foi graças à sua proximidade à cidade de Lisboa. As suas condições geomorfológicas foram aspetos chave para a instalação de populações e desenvolvimento de economias locais, observando-se o mesmo em relação aos complexos industriais que foram sendo instalados ao longo da faixa ribeirinha Almada-Alcochete. Com a introdução de novos agentes dinamizadores deste território, no início do século XX, assistiu-se portanto, a um desenvolvimento urbano ao longo da linha férrea, principalmente junto às paragens e apeadeiros desta região, e também a um abandono progressivo do núcleo primitivo das vilas, localizando-se as

A instalação de indústrias e novas vias de comunicação, favoreceram o desenvolvimento urbano dos concelhos ribeirinhos, sendo o século XX o mais marcante do ponto de vista da evolução urbana da Margem Sul. Este processo de intensa industrialização originou novos problemas, não apenas a nível de crescimento urbano desordenado e disperso, mas também a nível do alojamento das populações migrantes que aqui procuravam trabalho. A problemática de habitação traduziu-se em manchas de bairros abarracados e clandestinos em muitos dos concelhos ribeirinhos. Com a decadência da indústria na Margem Sul, nas décadas de 80-90 do século passado, as frentes ribeirinhas testemunharam nos anos seguintes, o abandono, a ruína e a destruição de grande maioria das atividades que as compunham, sendo a passagem para o período pós-industrial marcada por complexos industriais abandonados, espaços devolutos, extensas áreas de salinas abandonadas, frentes ribeirinhas desqualificadas e poluídas, etc. Com a introdução de novas ligações rodoviárias, nomeadamente a Ponte 25 de Abril e posteriormente a Ponte Vasco da Gama, os concelhos sofreram uma nova mutação, aumentando a sua população e desenvolvendo novas malhas urbanas. Após a construção da primeira travessia sobre o Tejo, até à década de 80, o crescimento demográfico da Margem Sul passou a fazer parte da suburbanização da capital, aumentando a dependência de Lisboa, já que era na capital que a maioria das pessoas trabalhavam, conduzindo a um aumento de fluxos pendulares que ainda hoje podemos assistir. Sendo esta situação repetida depois da inauguração da segunda travessia. Em 2007, surgiu a possibilidade no Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, de solucionar os problemas de tráfego nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, e acesso ao novo espaço aeroportuário, projetando uma terceira ponte rodo-ferroviária, sendo esta desenhada em concordância com a implantação do novo aeroporto em Alcochete. Esta Terceira Travessia, Barreiro-Chelas, conjugada com a extensão da linha de Metro Sul do Tejo, poderá ser a principal dinamizadora e potenciadora de desenvolvimento urbano e económico dos concelhos do Barreiro e Moita, apontando esta dissertação para os seus impactes e possíveis ações de revitalização e intervenção neste território ribeirinho, preservando a sua identidade e memória.

CAPÍTULO 0 |INTRODUÇÃO

A organização jurisdicional deste território da Margem Sul do Estuário do Tejo, caraterizado pela presença e poder da Ordem de Santiago, foi inicialmente composto pelo concelho do Ribatejo e posteriormente desmembrado em três unidades administrativas compostas por Almada, Alhos Vedros e Sabonha. Ao longo dos tempos, também estes concelhos se subdividiram, originando os concelhos atuais de Almada e Seixal (antigo concelho de Almada), Barreiro e Moita (antigo concelho de Alhos Vedros), Montijo e Alcochete (antigo concelho de Sabonha), que integram a frente ribeirinha desta margem.

principais indústrias e oficinas nas imediações da ferrovia. Observou-se um crescimento dos concelhos paralelo à nova via de comunicação, perdendo assim interesse a via fluvial e núcleos históricos para instalação de empresas ou até de residências, pela deslocação das atividades económicas em função do rio para o caminho de ferro.

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CAPÍTULO 0|INTRODUÇÃO

Tendo Lisboa como paisagem e principal centro polarizador do seu desenvolvimento, a Margem Sul do Tejo, organizada ao longo dos séculos em função das necessidades da capital, funcionava como uma unidade, caraterizada pela sua rede de ligações fluviais, que permitia a rápida circulação de produtos e pessoas para a margem oposta. Eleita enquanto local para produção, transformação e difusão de muitos produtos fundamentais para a vida na metrópole, esta região tornou-se no período dos Descobrimentos, um complemento fundamental para o Reino e do Império em formação, alimentando e fornecendo recursos humanos às armadas e terras conquistadas.

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