NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS SOBRE FORMAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA LEITURA DE TEXTOS MULTIMODAIS PARA ALUNOS DE LÍNGUA ESPANHOLA Profa. Ms. Denise Pereira, da Silva – UEFSe-mail
[email protected] Profa. Dra. Glaucia Maria Costa Trinchão –UEFS e-mail -
[email protected] Profa. Ms. Suely dos Santos Souza UEFS e-mail -
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Eixo Temático: 4. Processos Educativos Desde o período paleolítico a imagem se faz presente na história da humanidade, são as pinturas rupestres a confirmação de tal afirmação. Logo, é possível afirmar que, assim como a escrita, a imagem é um importante recurso para a comunicação de ideias e sentimentos, para os registros de memória, de experiências, das lembranças do passado, das ações do presente ou dos desejos para o futuro, constituindo-se como uma das múltiplas formas de linguagem. Segundo Costa e Amaral (2017, p. 63) esta ação de registrar nasce em resposta “[...] a necessidade do homem de se comunicar [...]”, tendo surgido a partir do momento que este se descobriu “[...] ser capaz de analisar, refletir, interpretar e interferir na sua própria realidade [...]”.
Entendemos, então, que para compreender e interpretar estas mensagens, cujo veículo é a imagem, se faz necessário um arcabouço de informações adquiridas por meio de uma formação específica, a qual propiciará a compreensão e interpretação da mensagem presente no texto imagético. Mas para tanto, é preciso educar o olhar, educá-lo para perceber as relações entre os vários elementos que constituem um texto, tais como: palavra e imagem, palavra e gesto, palavra e entonação, palavra e tipografia, e os vários tipos de imagem, bem como, os vários elementos que a formarão, como a filosofia dos que a criaram, o momento histórico que representa, os aspectos sociais, econômicos, e educacionais, além da função que lhe é atribuída. Vivemos na era do virtual, estamos envoltos por imagens do acordar ao dormir. Diante de todas estas constatações é evidente que a imagem também se fará presente no ambiente de ensino de línguas estrangeiras, seja nas avaliações, nos exames, nos livros didáticos, nos chats, na publicidade, e em diversos instrumentos e ferramentas de ensino.
Logo, questões pertinentes à formação do educador se desenham a partir de questionamentos, que justificam este trabalho, tais como: * Os futuros docentes, de língua estrangeira espanhola, das Universidades Públicas do Estado da Bahia estão sendo formados e informados para trabalharem junto a seus alunos com o multiletramento? •De que maneira cada professor, graduado nestas Instituições, tem desenvolvido sua prática docente no que tange a leitura de imagens? •Há por parte destes docentes a consciência da possível ausência em seus currículos de componentes formativos relacionados aos textos multimodais em língua espanhola? •Quais estratégias utilizam em sua prática docente para apresentar tal conteúdo a seus discentes? Ensinam em suas aulas a análise imagética tomando como base a intuição? •Seria o empirismo o melhor caminho para interpretação de textos imagéticos?
Todos esses questionamentos suscitam a discussão que esse texto propõe na intenção de problematizar a realidade da prática docente no que diz respeito a leitura imagética, as discrepâncias, ou conivências, apresentadas pelos documentos oficiais, e a efetiva prática em sala de aula. Para tanto, entendemos que, o método das narrativas (auto)biográficas se aplica perfeitamente a esse debate, visto que, segundo a Delory-Momberger (2016, p. 136) “a temporalidade biográfica é uma dimensão constitutiva da experiência humana, por meio da qual os homens dão forma ao que vivem”. Assim, o objetivo desse trabalho é refletir, e/ou discutir, como se constituem estes professores que transitam entre o texto verbal e o não verbal, dai nossa proposta de uma investigação futura, e mais aprofundada. Esse diálogo tem, portanto, a intenção de problematizar a ausência, ou presença, de componentes curriculares no curso de Letras com Espanhol, que abordem o tema da análise e interpretação de imagens, buscando identificar sua influencia na prática pedagógica de seus egressos.
Como esta intenção de pesquisa está centrada no curso de Letras-Espanhol, fazse necessário demonstrar a presença e importância do ensino do espanhol no Brasil, para tanto, pretendemos traçar um breve panorama histórico da presença e inclusão, e por vezes exclusão, do espanhol nos currículos das escolas brasileiras. Far-se-á, portanto, necessário: o estudos de documentos oficiais relacionados à presença deste idioma em nossas escolas, bem como uma investigação dos currículos dos cursos de formação de docentes de língua espanhola, com o objetivo de identificar componentes curriculares que capacitem seus futuros professores no trato com textos mistos, ou seja, verbal e não verbal, bem como ouvir os relatos dos que já se encontram em sala de aula, sobre sua práxis docente no que concerne a leitura e interpretação de textos multimodais que envolvam imagem. Afinal, segundo Rojo, “Não basta mais a leitura do texto verbal escrito – é preciso colocá-lo com um conjunto de signos de outras modalidades de linguagem (imagem estática, imagem em movimento, som, fala) que o cercam, ou intercalam ou impregnam (ROJO, 2012, p. 7)”.
A investigação derivada dessa problematização pretende analisar os dados obtidos por meio de questionários semiestruturados, entrevistas e observações em sala de aula. Com tal metodologia espera-se obter informações quanto as práticas pedagógicas de professores, visando identificar na prática a presença, ou ausência, de elementos que remontem a formação adquirida no curso de Letras com Espanhol. Para tanto, usaremos o método da narrativa (auto)biográfica, atentos a afirmação de Delory-Momberger (2016), a qual esclarece que em uma pesquisa onde o método a ser usado seja a narrativa (auto)biográfica, deve-se usar o mínimo possível de questões, pois, segundo a mesma, este método atua como uma “clínica política” colocando o “ator” em contato consigo mesmo, no caso o nosso ator, serão estes professores egressos do curso de Letras com Espanhol das Universidades Estaduais da Bahia. Dito isso, salientamos que caberá ao pesquisador uma escuta sensível, capaz de perceber os lapsos de memórias, ou as narrativas que efetivamente se deram em sala de aula, construídas ao longo dos anos pelo próprio narrador, ou ainda se a mesma é fruto de uma construção coletiva, constituída a partir das inferências dos sujeitos sociais que partilharam aqueles momentos rememorados pelo ator.
E, advogando a causa do ensino de métodos de leitura de imagens, será discutida, também, a importância dos estudos sobre textos multimodais e multiletramento, propondo uma reflexão sobre o papel do professor e a importância de práticas pedagógicas que sejam significativas ao aluno. E para tanto, é preciso que esteja o professor preparado para preparar. Bem como, se faz necessário que os conteúdos e a escola ganhem uma (re)significação, a fim de fazer frente a uma série de fatores que têm promovido o desinteresse e a evasão escolar. Acreditamos que, o resultado de uma pesquisa com este teor, em muito contribuirá na reflexão e construção de currículo para curso de Letras-Espanhol, no qual se entenda o quão é fundamental a presença de componentes curriculares que discutam estratégias e metodologias, visando interpretar as imagens presentes nos variados tipos de texto, desde as que estão presentes em provas e exames, até as que se encontram abundantemente nos livros didáticos. Nossa proposta de pesquisa apesar de estar voltada, especificamente, para o curso de Letras-Espanhol, não invalida que, também, outros cursos de língua estrangeira venham a toma-la como base para reflexões e discussões sobre seus currículos.
REFERÊNCIAS
•BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino Médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2000. Disponível em:
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•BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. INEP. Matriz de Referência, 2009. Disponível em: . Acesso em: julho de 2016. •COSTA, Ivoneide de França; ALVES, Maria da Conceição Amaral. Desenho e Imagem. In: Desenho, concepções e teorias. Ed. Desenho Forma e Simbolismo. Feira de Santana: Bahia, 2017.
• FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. • JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Ed: Papirus, 1994. • LAJOLO, Marisa, 1994- Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos / Marisa Lajolo e Regina Zilberman. 1ª. Ed.- São Paulo: Ática, 2009. • OLIVEIRA, M. N.; LIMA, E. A. de. Crenças de alunos sobre a leitura de textos multimodais. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 05, n. 02, p. 110-124, jul./dez. 2016. • PRINCÍPIOS DO MERCOSUL Disponível em: . Acesso em: nov./2019 • ROJO, R.; MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
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