PRATICA CLINICA + Seminário 2019 - Slide Angele-convertido

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SUMÁRIO 01 O Método Psicanalítico 02 Como o paciente tem conhecimento do psicanalista 03 Como é feito o primeiro contato com o psicanalista 04 Procedimentos do primeiro encontro 05 A entrevista 06 Anexos (08) 07 O Par Analítico 08 A Entrevista Inicial 09 Algumas considerações sobre a entrevista 10 Indicação e contra-indicação 11 - Indicação de análise em crianças 12 O Contrato Analítico 13 As anotações 14 O que se espera do psicanalista 15 Postura do Psicanalista 16 Vestimenta do psicanalista 17 Analisabilidade 18 - Acessibilidade 19 O Setting Analítico (Enquadre)

20 O ambiente físico 21 A sessão psicanalítica 22 A Aliança Terapêutica 23 O Relacionamento Real entre Paciente e Analista 24 O Uso do Divã 25 Clientes ou pacientes? 26 Férias e faltas 27 - Trabalho e Instruções 28 Bibliografia

01

O Método Psicanalítico:

A terapia psicanalítica procura clarificar as causas da neurose. É seu objetivo solucionar os conflitos neuróticos do paciente, incluindo a neurose infantil que serve de núcleo à adulta. Solucionar os conflitos neuróticos significa juntar ao ego consciente aquelas parcelas do id, superego e ego inconscientes que ficaram excluídas dos processos de amadurecimento da parte restante saudável da personalidade total. O psicanalista aborda os elementos inconscientes através de seus derivativos. Todos os componentes reprimidos do id e do ego produzem derivativos, que não estão conscientes e mesmo assim estão muito bem organizados de acordo com o processo secundário e acessíveis ao ego consciente.

O procedimento que a psicanálise exige que o paciente use, para facilitar a comunicação de derivativos, é a associação livre, o método fundamental da psicanálise, a chamada regra básica. Estes derivativos surgem nas associações livres do paciente, nos sonhos, nos sintomas, atos falhos, chistes, etc. Depois de concluídas as entrevistas preliminares, o analista pede ao paciente que, com o máximo de sua capacidade, tente deixar as coisas aparecerem e dizê-las sem ligar para a lógica e a ordem; deve relatar coisas mesmo que elas pareçam triviais, vergonhosas ou indelicadas, etc. Deixando todo material vir à mente, há uma regressão a serviço do ego e os derivativos do ego inconsciente, do id e do superego tendem a vir à superfície. O paciente sai do raciocínio severo do processo secundário em direção ao processo primário. Ao analista cabe analisar o material que o paciente produz na situação analítica.

02 Como o paciente tem conhecimento do Psicanalista? a) Através de informações de outro paciente; b) Por meio do cartão de apresentação do Psicanalista; c) Através da lista telefônica, revista ou livro de serviços de saúde; d) Indicação de médicos ou pessoas conhecidas, etc. e) Na Internet, em site próprio ou site de serviços de saúde.

f) É bom oferecer sempre um copo com água, pois o paciente geralmente vem ansioso para o primeiro encontro; g) Evitar dar o telefone particular ao paciente: é aconselhável ter um telefone só para atendimento aos pacientes;

03 Como o paciente faz o primeiro contato com o Psicanalista? a) Pelo telefone (este é o meio mais comum); b) Pessoalmente, quando o paciente vai ao consultório, ou alguém apresenta em outro local qualquer. Obs.: Normalmente o paciente procura saber o valor da consulta, o ideal é explicar, com delicadeza, para ele vir conversar pessoalmente, e tudo será explicado no primeiro encontro. Caso insista muito para saber o valor da consulta, poderá dizer: a primeira consulta é , e no consultório acertaremos o valor de cada sessão.

04

Procedimentos do Primeiro Encontro: a) O Psicanalista já deve saber o nome do paciente; b) A pontualidade do psicanalista é de suma importância; c) Após ter conhecimento da chegada do paciente, dirigir-se à porta, cumprimentá-lo com cordialidade, um leve sorriso nos lábios, um aperto de mão e solicitar a sua entrada; d) Evitar, (caso não conheça o paciente), batidinhas nas costas, abraços e beijos; e) Encaminhe o paciente até a poltrona, deixando-o bem à vontade;

05

A entrevista:

A entrevista é reservada com um caráter formal de oportunidade para termos uma visão anímica do paciente e é iniciada no primeiro contato. É o momento em que o paciente chega ou é trazido. Neste caso, (quando é trazido) já temos uma forte contra-indicação para a análise. O ideal é que o paciente venha de livre e espontânea vontade, porque ninguém pode tratar-se a partir do desejo do outro. Temos que convir, que às vezes o paciente necessita de apoio, de encorajamento de alguém da família ou não. Na entrevista primeiramente ouvimos as razões que fez o paciente nos procurar. Se pelo estado do paciente pudermos avaliar se o mesmo é psicótico, se é depressivo, etc., já o encaminhamos para um psiquiatra, explicando-lhe a necessidade da medicação. Dependendo do grau de psicose, sendo moderada, podemos fazer a análise em conjunto com o tratamento psiquiátrico, sempre com um parente ou alguém que possa acompanhá-lo com a medicação, pois, o psicanalista precisa ter certeza de que o paciente está tomando a medicação para poder analisá-lo.

Caso seja um amigo nosso, ou um colega de trabalho (mesmo setor), ou ainda se temos ou já tivemos algum tipo de negócio junto, podemos explicar porque não podemos atendê-lo e solicitamos gentilmente que procure outro analista ou podemos indicar um, caso ele solicite. É de suma importância a utilização da entrevista, antes de iniciarmos o tratamento analítico, porque ela nos proporcionará uma compreensão da situação atual do paciente. Para executá-la é necessário fazermos a ficha com os dados do paciente. A seguir daremos um exemplo para ajudá-lo a formalizar a ficha do paciente e a entrevista, que você poderá complementar os dados ou reduzir outros, conforme achar mais conveniente. Eis alguns dados que vamos precisar: a) Ficha de atendimento Clínico: - Nome completo; - Data do nascimento; - Filiação, estado Civil; - Profissão, nível cultural; - Endereço residencial e comercial - Telefone residencial, comercial e celular - Algumas observações que surjam naquele momento. b) Formulário de entrevista: A pergunta principal é: O que motivou você a procurar o psicanalista? Ou, Qual a sua queixa principal? - Quando começou a sentir o que está motivando-o a fazer análise; - Número de irmãos; - Relação com o pai, a mãe, os irmãos e a família;

- Relação com o cônjuge, os filhos (se for o caso); - Qual a ordem na constelação familiar? - Desempenho escolar; - Como se relaciona na sociedade; - Religião e como pratica essa religião; - Grau de conhecimento da psicanálise; - Enfermidades que possui; - Enfermidades que já teve, inclusive as doenças próprias da infância; - Lesões provocadas por enfermidades; - Acidentes que já teve; - Cirurgias que já realizou; - Quantidade de amigos; - Hábitos, passa-tempo preferido; - Medos, manias; etc. Como já foi citado, outras perguntas podem ser incluídas nesta ficha, com o propósito de se permitir uma maior introspecção do paciente. Mesmo na entrevista é necessário que observemos os aspectos comportamentais do paciente. De posse dessas informações e de outras que poderão ser obtidas com as respostas formuladas anteriormente, o psicanalista terá uma visão da analisabilidade e das possibilidades de formação do par analítico, bem como das condições gerais que darão sustentação ao processo. Na realização da entrevista o psicanalista não deve prometer nada, além de sua boa vontade para com o caso, mas deixando claro que tudo vai depender do trabalho em conjunto: analista e paciente. Não podemos garantir cura de imediato, nem mesmo se poderemos

continuar com o caso, (se bem que isto é mais teórico do que prático). Às vezes o paciente chega tão ansioso para colocar seus conteúdos para fora que não deixa o analista falar, ou então chora o tempo todo. Neste caso é bom deixá-lo à vontade.

06 - ANEXOS: Anexo 01 Ficha de atendimento Clínico Anexo 02 Controle das sessões Anexo 03 - Entrevista Anexo 04 Entrevista de criança Anexo 05 - Anotações do paciente Anexo 06 Atestado de um dia Anexo 07 Atestado para mais de um dia Anexo 08 Condições necessárias para um Analista

07

O Par Analítico:

Em La situación analítica como campo dinâmico (1961/62), os Baranger definem claramente o que entendem por campo bi-pessoal da situação analítica, e afirmam que é um campo de par que se estrutura sobre a base de uma fantasia inconsciente que não pertence somente ao analisado, mas a ambos (P e A). Não se trata meramente de entender a fantasia básica do analisando, mas de aceder a algo que se constrói em uma relação de dois. renúncia à onipotência da parte do analista, ou seja, uma

limitação maior ou menor das pessoas a quem pode analisar. Não é dispensável dizer que não se trata de simpatia ou antipatia possível que possamos sentir à primeira vista por um analisando, mas de processos muito mais complicados Del Campo Psicanalítico, p. 141). Se os requisitos para a situação analítica não forem atendidos, certamente que paciente e psicanalista formarão uma dupla de estranhos. Não é o mesmo que transferência, mas predispõe ao surgimento da mesma. E se não ocorrer a transferência, o trabalho será inútil, não haverá cura. Assim, para entender o que quer dizer Par Analítico temos que considerar se um determinado paciente vai responder melhor a um analista do que a outro, ou que um analista pode tratar melhor um paciente do que outro. Par Analítico é, portanto, o melhor analista para determinado paciente e paciente adequado para determinado analista. Ainda segundo os Baranger (1961/62) o par fracassa pelo que o paciente fez e pelo que o analista não pode resolver.

08

A Entrevista Inicial:

David Zimerman, em seu livro Fundamentos Psicanalíticos afirma que, antes de assumir a responsabilidade formal de tomar uma pessoa para um tratamento psicanalítico, fica previamente entendido que este deverá ser de longa duração e de uma trajetória que inevitavelmente passará por períodos difíceis, de muitos imprevistos, incertezas e sofrimento. O psicanalista deverá ter

uma idéia razoavelmente clara das condições psíquicas e pragmáticas que tanto ele como o pretendente à análise possuem antes de enfrentar uma empreitada de tamanha envergadura.

ambos decidam se é com essa pessoa estranha que está à sua frente que eles, reciprocamente, querem partilhar um longo, profundo e imprevisível convívio. 08.2

08.1

Finalidade da Entrevista Inicial:

Conceituação:

Embora a expressão entrevista inicial esteja na forma singular, não significa que se refira sempre, a uma única entrevista prévia à efetivação do contrato analítico, ainda que muitas vezes possa ser assim; porém, em muitas outras situações, essa necessária avaliação pode demandar um período algo mais longo com um número bem maior de contatos preliminares. Inicialmente é importante estabelecer uma diferença entre entrevista inicial e primeira sessão. A(s) entrevista(s) inicial (ais) antecede(m) a contrato quanto o ter primeira sessão a análise já começou formalmente. O vínculo analítico principia já nas primeiras aproximações pré-transferência que, inclusive, já principia desde o telefonema do pretendente à análise para um primeiro contato, independentemente da efetivação, ou ainda não, das indispensáveis combinações contratuais. A duração da entrevista inicial depende da necessidade do paciente. Quando o analista perceber que o paciente já tem uma idéia clara do que consiste uma análise, pode iniciar a primeira sessão analítica. O contato prévio sempre tem que existir, para que os dois (analista e analisando) se conheçam melhor e

O propósito fundamental deste contato preliminar é para: O psicanalista avaliar as condições mentais, emocionais, materiais e circunstanciais da vida do paciente que lhe procurou; Ajuizar os prós e os contras; As vantagens e desvantagens; Os prováveis riscos e benefícios; O grau e o tipo de psicopatologia, de modo a permitir alguma impressão do diagnóstico e do prognóstico; Reconhecer os efeitos contratransferênciais que lhe estão sendo despertados. Assim, balanceando todos esses fatores, poder discriminar qual a modalidade de terapia psicológica será a mais indicada para este paciente e, no caso de que a indicação seja o de uma análise, se ele realmente se sente em condições e se quer ser o terapeuta deste paciente.

09 Algumas Considerações sobre a Entrevista:

Tanto melhor será o campo da entrevista quanto menos participe o entrevistador; O analisado deve ser informado que a entrevista tem a finalidade de um melhor conhecimento de sua pessoa, por parte do analista e de responder a uma consulta sobre sua análise mental, para ver qual tratamento lhe é mais adequado, se psicanalítico, ou outro; A entrevista não se baseia nas regras de Livre Associação, embora já é iniciada uma espécie de ensaio da mesma; É comum observarmos pacientes em estado de ansiedade e/ou angústia já na entrevista; A entrevista é realizada sempre face a face e o uso do divã está formalmente afastado; O Psicanalista deve anotar ao máximo, de modo elegante e não acintoso tudo que interesse à decisão quanto a analisabilidade; O psicanalista deve observar bem as atitudes nãoverbais (comunicação não verbal); O Psicanalista não deve interpretar nem fazer prognóstico durante a entrevista. Suas palavras devem apenas induzir; A entrevista informa sobre fatos fundamentais, não como objeto de análise, mas como para definir se será ou não possível o trabalho de análise; No fim de cada entrevista já predomina a angústia de separação, que será fortalecida durante todo processo da análise;

A entrevista deve ser distinta do processo de Psicanálise formal, de maneira que o paciente saiba onde terminou uma e começou a outra; O psicanalista não deve recorrer a procedimentos que evitem a ansiedade, como apoio ou a sugestão, e tampouco resolvê-la com o instrumento específico da interpretação; A entrevista deve ter tempo limitado, como duas, três ou mais sessões, se for necessário, não deve ser arrastada indefinidamente; Na entrevista, também o paciente poderá chegar à conclusão de que esse Psicanalista não lhe é indicado, sem, contudo abrir mão do tratamento com um outro Psicanalista (é comum pacientes que vão de analista em analista, até encontrar um indicado, embora isso já possa ser estudado como uma busca de um profissional que satisfaça suas fantasias à priori), etc.

10

Indicação e Contraindicação:

Hoje a psicanálise tem um campo mais abrangente do que na época que Freud inventou o método psicanalítico. Algumas outras indicações que até certo tempo atrás contra-indicavam a escolha para um tratamento psicanalítico, atualmente encontram uma outra resolução. Um bom exemplo é o critério de idade, o qual deixou de ser excludente e é encarado com muito relativismo, tanto que, desde M. Klein, a psicanálise ficou extensiva

às crianças, e de uns tempos para cá, ela também é praticada com pessoas de idade bastante avançada. Devese ter em conta que a expectativa de vida mudou notadamente nos últimos anos. A indicação, neste caso, dependerá do paciente e do critério do analista, porque a expectativa de vida é determinada para o demógrafo, mas não para o analista, que só deve olhar para a pessoa concreta. Levando-se em consideração que algumas pessoas morrem logo e outras muito mais tarde. Aliás, Abraham (1919, Psicanálise clínica, capítulo 16, pg. 241) afirmava que a idade da neurose é mais importante do que a idade do paciente , e apresenta várias histórias de pessoas de mais de 50 anos que responderam muito bem ao tratamento psicanalítico. *** Um outro exemplo pode ser a dúvida que existia quanto à adequação de iniciar a análise em pleno período crítico de um quadro clínico com sintomas agudos, situacionais, neuróticos ou psicóticos; os psicanalistas hoje não receiam enfrentar essas situações com todo o processamento psicanalítico habitual, até porque a maioria dos analistas está se inclinando, a não excluir a possibilidade eito de Eissler, 1934), como pode ser o de um possível uso simultâneo de quimioterápicos, em conjunto com o médico psiquiatra, quando este não o for. O diagnóstico clínico comporta no presente, um acentuado relativismo, tanto que, por exemplo, o diagnóstico reação esquizofrênica decorrência do nome alusivo à Esquizofrenia e, no entan- to, pode ser de excelente prognóstico psicanalítico, en- quanto o que pode parecer simples neurose fóbi-

ca crônica, pode resultar em um prognóstico desalentador. Persistem como contra-indicação para a análise como escolha prioritária, os casos de alguma forma de degeneração mental, ou aqueles pacientes que não demonstram a condição mínima de abstração e simbolização. Tampouco é recomendada a análise em casos agudos de histeria, no esgotamento nervoso e quadros confusionais. Freud discutiu com cautela a indicação da psicanálise, como método a ser escolhido em casos crônicos e graves de histeria, fobias e abulias (perda total ou parcial da vontade, por doença), ou seja, a psicanálise é indicada a todos os tipos de neurose. Em sua conferência de 1904, Freud afirmou que a análise não é um método perigoso se praticado adequadamente, pois não leva ninguém para o mau caminho, não transforma ninguém em louco, perverso ou imoral.

11 - Indicação de análise em crianças: As controvérsias sobre indicações e contraindicações de análise em crianças e adolescentes foram se modificando e atenuando no curso dos anos. Freud foi o primeiro a aplicar o método psicanalítico em crianças, encarregando-se do tratamento de juanito, um menino de cinco anos com uma fobia aos cavalos (Freud 1909/b). Os primeiros analistas dos anos vinte discordam em muitos pontos da técnica para analisar crianças e a idade a partir da qual o tratamento pode ser aplicado. Hug-hellmuth sustentava, em sua apresentação ao con-

gresso de Haya, que análise estrita, conforme os princípios da psicanálise, só pode ser efetuada a partir dos sete ou oito anos de idade. Anna Freud também considera que a análise só pode ser aplicada às crianças a partir da latência. Na segunda edição de seu livro, publicada em Londres, em 1964, a autora estende muito esse limite e pensa que são analisáveis as crianças de primeira infância, desde os dois anos. Melanie Klein, por sua parte, sempre pensou que as crianças poderiam ser analisadas na primeira infância; ela tratou uma criança chamada Rita quando esta tinha dois anos e nove meses. Se deixarmos de lado a apaixonada polêmica, que tem um de seus pontos culminantes no Simpósio sobre Análise Infantil da Sociedade Britânica de 1926, podemos concluir que a maioria dos analistas que seguem Anna Freud e Melanie Klein pensa que a análise é aplicável a crianças de primeira infância e que todas as crianças normais ou perturbadas podem se beneficiar com a análise.

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Contrato Analítico:

A palavra contrato pode ser decomposta em + , isto é, ela significa que, além do indispensável acordo manifesto de algumas combinações práticas básicas que referenciarão a longa jornada da análise, há também um acordo latente que alude a como analista e pacitrabalhar-se-ão

A entrevista inicial que antecede à formalização do compromisso contratual tem a finalidade não só de avaliação, mas também a de uma mútua apresentação das características pessoais de cada um e a instalação de atmosfera sta a criação aliança terapêutica contrato com-trato), portanto, exige uma definição de papéis e funções, respectivamente por parte do psicanalista, do analisando e da vincularidade entre ambos, sendo útil considerá-los separadamente. Da parte do analisando o analista espera que esteja suficientemente motivado, que o analisando reflita com seriedade sobre todos os itens das combinações que estão sendo propostas para o contrato analítico e que, ele participe ativamente e não de uma forma passiva e de mero submetimento. Atualmente alguns psicanalistas ainda adotam o critério original que regia a com assim impõem de modo esmiuçado uma série de recomendações, enquanto a tendência da grande maioria é simplificar a formulação mínimo indispensável surjam ao natural no curso do tratamento, sendo que a análise de cada uma delas é que vai definindo as necessárias regras e diretrizes. 12.1 - O que não pode deixar de ser dito ao paciente: As definições relativas a horários; Honorários; Período de reajuste;

Como funciona o tratamento; Plano de férias; Como agirá na falta do paciente às sessões; Esclarecer que o paciente está conquistando um espaço exclusivamente seu e que, por isso, será o responsável por ele; Informar a duração das sessões (cinqüenta minutos); A freqüência (pelo menos duas vezes por semana), que devido à falta de tempo atual e a crise financeira em geral, constantemente temos que arcar com o prejuízo do tratamento, diminuindo a freqüência para uma vez por semana; Definir o dia do pagamento, e se o fará no fim da sessão ou mensalmente; se o pagamento poderá ser efetuado em dinheiro ou cheque; Explicar sobre a importância do uso do divã; Falar sobre o compromisso do analista com o sigilo absoluto, etc.

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A questão das anotações:

Devemos informar ao paciente que temos o direito de anotar elementos colhidos da Livre Associação, que considerarmos necessário para interpretações futuras ou para dirimir dúvidas quando de resistências contumazes apresentadas pelo paciente. Mas é preciso constar que as anotações não são obrigatoriedade, uma vez que há psicanalistas que simplesmente não anotam nada. Contudo, aconselhamos, que todos anotem o que acharem importante, porque a pura e simples postura

audível, por melhor que seja a memória do psicanalista, poderá provocar uma sensação de inutilidade das palavras do analisando, com acentuado descrédito pelo nosso trabalho. O ideal é que as anotações sejam feitas no final da sessão, quando o cliente sair, e na presença deste só o estritamente necessário.

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O que se espera do psicanalista:

Que ele tenha bem claro para si os seguintes aspectos: a) Qual é a natureza de sua motivação, predominante, para aceitar tratar analiticamente a uma certa pessoa (se é por um natural prazer profissional ou prevalece uma oportunidade para uma determinada pesquisa; uma necessidade de complementar os ganhos pecuniários; uma obrigatoriedade devido a uma certa pressão de pessoas amigas, ou, no caso de candidatos, unicamente pelo cumprimento da obrigação curricular do Instituto; ou é um pouco de cada um destes fatores)... b) Definir para si qual é o seu projeto terapêutico, se o mesmo está mais voltado para a obbenefícios terapêuticos resultados analíticos . c) Diante de um paciente bastante regressivo, o analista deve ponderar se ele reúne as condições de conhecimento teórico-técnico, notadamente das primitivas fases do desenvolvimento emocional e se está preparado para en-

d)

e)

f)

g)

15

frentar possíveis passagens por situações transferenciais de natureza psicótica. Da mesma forma, o analista deve avaliar se preenche aqueles atributos que Bion (1992) denomina de condições necessárias mínimas e que aludem à empatia, intuição, função psicanalítica da personalidade, amor à verdade, etc. Reconhecer se ele domina o eventual uso de parâmetros psicanalíticos esar das muitas e diferentes táticas de abordagem e estilos pessoais de interpretação. (Eissler cunhou este termo para designar as intervenções do psicanalista que, embora transgridam a algumas regras psicanalíticas, não alteram a essência do processo analítico). Deve estar em condições de reconhecer a natureza de suas contra-resistências, contratransferências, etc. Ele deve ter condições de envolver-se afetivamente ficar envolvido firme sem ser rígido; ao mes- mo tempo flexível, sem ser fraco e manipulá- vel.

Postura do Psicanalista: O psicanalista deve tratar o paciente com educação e respeito, sem fazer juízo de nada que lhe for dito na sessão, guardando segredo absoluto de tudo que foi falado pelo paciente, não comentando nem mesmo com os parentes.

Na recepção do paciente, deve recebê-lo estendendo a mão com um bom-dia, boa-tarde ou boanoite, sem exageros. Evitar beijos e abraços, principalmente de pessoas do sexo oposto que serão interpretados pelo paciente como afetividade e fortalecerão a transferência e contratransferência, principalmente a erotizada. No relacionamento com o paciente não provoque distanciamento com máscara de semideus ou super-homem, como também, semideusa ou mulher-maravilha. Tente ser uma pessoa natural, que inspire confiança, sem jamais escandalizar o paciente com seu modo de agir. Procure ser uma pessoa agradável, quer pela indumentária, quer pela higiene geral e cuidado com a aparência, sem exageros. Quando o paciente fizer algum gracejo, devemos rir levemente, pois, se não o fizermos, podemos provocar constrangimento inibitório. Não podemos dar ao paciente a idéia de que ele nos interessa de modo pessoal, que nos sentimos muito bem com sua presença, ou que é muito gratificante atendê-lo, etc. Se você encontrar com o paciente fora do consultório, cumprimente-o, sem fazer qualquer referência à condição de paciente e psicanalista. Não se deve apresentar o paciente a outros como tal. Trate-o naturalmente, sem estardalhaço, pois, o paciente continua sendo paciente, em qualquer local que o encontrarmos.

16

Vestimenta do Psicanalista:

Homens e mulheres devem vestir-se simples, mas adequadamente. Homens, de preferência, com camisa de mangas compridas, calça, meia e sapato. As mulheres devem vestir, de preferência, roupas compostas, evitar alças, roupas decotadas, transparências, mini-saia, mini-vestido, mini-blusa, tomara-quecaia, (a não ser que use bata ou jaleco por cima, como já foi citado anteriormente). Estes cuidados visam resguardar os psicanalistas e pacientes da transferência e contra-transferência erotizada. Também devemos levar em consideração que a roupa é um dos meios de comunicação. Então vamos nos comunicar bem.

17

Analisabilidade (conceito de técnica):

Antes de comprometer-se a assumir o trabalho de determinado paciente, o analista deve ter critérios bem definidos quanto ao fato de que sua indicação para fazer psicanálise é a mais acertada possível, para minimizar o risco de possíveis futuras decepções para ambos. Na verdade, na prática e na teoria, existe apenas um critério de analisabilidade. Só é analisável quem é capaz de desenvolver com o analista uma neurose dita de transferência ente, a condição para que um tratamento analítico continue e termine, é que o analisando seja neurótico.

Para alguns psicanalistas, toda vez que não haja uma contra-indicação específica e irrecusável, a psicanálise é indicada. Entretanto, falando das contra-indicações, podemos relacionar as de natureza familiar, religiosa, amizade, etc... Há também os pacientes que não preenchem os requisitos para tal. E nesse caso estão os fatores inteligência, cultura, universo religioso, enfermidades psicogênicas de modo geral, (com algumas exceções, como certos casos de esquizofrenia, que parecem responder a uma análise profunda), etc. podem contra indicar. Nesses casos o paciente não produzirá o suficiente para o processo de interpretação ou não acompanhará o raciocínio sempre avançado do psicanalista. Outro fator que não podemos descartar na contra indicação é a idade muito avançada, porém se o paciente deseja, não podemos negar, devemos ser flexível, sem perder nossa autoridade de psicanalista. O conceito de analisabilidade nega ao paciente o benefício da dúvida, e este é, com certeza, seu calcanhar de Aquiles Etchegoyen, em seu livro Fundamentos da Técnica Psicanalítica (1987), e o mesmo comenta ainda que, se aplicássemos com rigor todos os critérios de analisabilidade, principalmente os de Zetzel, ficaríamos logo sem pacientes.

18

O conceito de Acessibilidade:

Vamos aqui expor o conceito de uma figura muito representativa da escola Kleiniana: Beth Joseph, em seu

artigo de 1975. Ela assinala que a acessibilidade não depende do tipo nosográfico, mas sim da personalidade profunda do paciente. A autora não diz que há duas classes de pacientes, acessíveis e inacessíveis, mas que há pacientes mais difíceis de alcançar que outros, e trata de estudar em que consiste essa dificuldade. Segue-se disso que a acessibilidade só poderá ser estabelecida com a própria marcha da análise. A analisabilidade, ao contrário, aspira a detectar a situação previamente, classificando os futuros analisados. O paciente de difícil acesso que Beth Joseph descreve não corresponde a uma categoria diagnóstica. Trata-se de mais um tipo especial de dissociação, pelo qual uma parte do paciente, a parte do paciente fica mediatizada por outra que se apresenta como colaboradora do analista. Entretanto, esta parte que aparentemente colabora, na verdade não constitui uma aliança terapêutica com o analista, mas, ao contrário opera como fator hostil à verdadeira aliança. São pacientes que parecem colaborar, falam e discutem de forma adulta, porém vinculam-se ao analista como um aliado falso que fala com o analista do paciente que ele mesmo é. O problema técnico é chegar a essa parte necessitada que permanece bloqueada pela outra, a pseudocolaboradora. Etchegoyen diz que o conceito de acessibilidade surge do trabalho analítico e se propõe a descobrir as razões pelas quais um paciente se torna inacessível ou quase inacessível ao tratamento psicanalítico, contudo não é útil para predizer o que vai acontecer no curso do

tratamento, ao que tão pouco se propõe, diferentemente dos critérios de analisabilidade.

19

O Setting Analítico (Enquadre):

O setting ou enquadre pode ser conceituado como a soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo psicanalítico. Assim, ele resulta de uma conjunção de regras, atitudes e combinações, tanto as contidas no contrato analítico, como também as que vão se definindo durante a evolução da análise, como os dias e horários da sessão, os honorários com a respectiva modalidade de pagamento, etc. Pode-se dizer que o setting, por si mesmo, funciona como um importante fator terapêutico psicanalítico, pela criação de um espaço que possibilita ao analisando trazer seus aspectos infantis no vínculo transferencial, e, ao mesmo tempo, poder usar a sua parte adulta para ajudar o crescimento daquelas partes infantis.

20- Como deve ser o ambiente físico: Do ponto de vista metodológico, o ambiente não faz parte do processo. Entretanto se precisamos dele para tal, não podemos ignorar a sua importância. É claro que existe ambiente e ambiente. Também sabemos que as pessoas se sentem melhor em função de certas disposições, cores, etc... Assim veremos como um ambiente poderá ficar adequado para a prática da psicanálise disposição de um Consultório ou Gabinete:

a) A sala não deve ser pequena nem grande em demasia, no mínimo 25m², se possível, térreo ou nos primeiros andares; b) Deve possuir os móveis apenas necessários (mesa, divã e 03 poltronas); c) Não deve ter nas paredes nada que chame a atenção; d) Ambiente com pouca claridade, porém não escuro ou meia-luz; e) As cortinas a as paredes devem ser de cor neutra; f) Evitar enfeites sobre a mesa ou coisas que pereçam ostentação; g) Se tiver estante, nela deve conter apenas livros; h) Dê preferência a ambientes afastados de ruídos sistemáticos; i) Devemos primar pela limpeza e disposição dos móveis e demais pertences; j) Caso tenha telefone no interior do consultório, desligar durante a sessão, como também celular, campainha, etc.; k) O divã deve ser confortável e suficientemente largo para acomodar quaisquer pacientes; l) Não deve faltar um bebedouro, sanitário e lavatório; m) O ambiente deve ser simples, porém confortável, com ventilador ou ar condicionado; n) Se possível é bom ter uma ante-sala, levemente decorada; o) A cadeira do analista deverá estar disposta por detrás do divã (modelo tradicional), de maneira que o analista não seja visto pelo paciente en-

quanto associa, mas que o mesmo possa ver o paciente e seus movimentos ou gestos, (comunicação não verbal); não esquecendo a flexibilidade do analista, caso o paciente não consiga ficar nesta posição; p) O consultório não deve ser dividido com muitos psicanalistas, (no máximo três). q) O ambiente deve oferecer ao paciente oportunidade de bem estar. O paciente deve ter a sensação de que aquele local é o mais agradável possível para ele passar os 50 (cinqüenta) minutos a que tem direito.

21 - A Sessão Psicanalítica: A Sessão psicanalítica tem duração de 50 minutos, embora sempre falamos que o horá de 09h às 10h, mas na realidade é das 09h às 09h50. É bom evitar o acúmulo de pacientes na antesala, pois o consultório psicanalítico é diferente do consultório médico. As sessões são pré-marcadas, não podem ser por ordem de chegada, pois o acúmulo de pessoas e conversas pode inibir o paciente.

22

A Aliança Terapêutica:

Denominação criada por Elizabeth Zetzel, psicanalista norte-americana em um trabalho de 1956, concebeu um aspecto importante em relação ao vínculo transferencial, ou seja, o fato de determinado paciente apresentar uma condição mental, tanto de forma consciente

como inconsciente, que lhe permite manter-se verdadeiramente aliado à tarefa do psicanalista. Essa aliança deve provir, pelo menos, de uma parte do paciente comprometida e envolvida em assumir e colaborar verdadeiramente com a profundeza da análise, enfrentando, assim, as inevitáveis dificuldades e dores. Segundo a Dra. Zetze 03 funções básicas para desenvolver a aliança terapêutica: 1) A capacidade de manter a confiança básica em ausência de uma gratificação imediata; 2) A capacidade de manter a discriminação entre o objeto e o self; 3) A capacidade potencial de admitir as limitações da realidade.

23 O Relacionamento Real entre Paciente e Analista: No livro A Técnica e Prática da Psicanálise, Ralph Grensson nos explica que as reações transferenciais e a aliança de trabalho são, clinicamente, as duas variedades mais importantes de relações objetais que ocorrem na situação analítica. Também ocorrem formas mais arcaicas de interação humana, antecedentes da transferência, assim como transições para os fenômenos transferenciais. Tais reações primitivas costumam surgir em estados de profunda regressão e exige manejo terapia de compreensão (winnicott, 1955, 1956; James, 1964).

realista, voltado para a realidade ou não-distorcido se comparado com o termo transferência ido e inadequa- do. A palavra real também pode se referir a genuíno, autêntico e verdadeiro em contraste com artificial, sintético ou simulado. Neste ponto, é mais apropriado usar o termo real para nos referirmos ao relacionamento realista e genuíno entre analista e paciente. É importante esta distinção porque nos permite comparar o que é real no relacionamento do paciente com o que é real no comportamento do analista. Tanto no paciente como no analista, as reações transferenciais são irreais e inadequadas, mas são genuínas e são verdadeiramente sentidas. Em ambos, a aliança de trabalho é realista e adequada, mas é um artifício da situação de tratamento. Em ambos, o relacionamento real é genuíno e real. O paciente utiliza a aliança de trabalho a fim de entender o ponto de vista do analista, mas suas respostas transferenciais tomam a dianteira (se aparecem). No analista, a aliança de trabalho toma a dianteira sobre todas as outras respostas diretas ao paciente.

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O uso do Divã:

O Divã é um instrumento de trabalho muito útil na terapia psicanalítica. Não é apenas um sofá, onde o paciente senta se quiser. Entretanto não devemos impor ao

paciente, como algo obrigatório. Devemos, com habilidade e clareza explicar ao paciente sobre sua utilidade no tratamento, e seu emprego histórico, desde o tempo do mestre FREUD. Então os pacientes ou os candidatos podem perguntar: qual a razão de usar o Divã? Freud recomendou o uso do Divã para possibilitar o maior relaxamento possível do paciente enquanto fala. Ele tem por objetivo tirar o paciente da rotina de atividades musculares, diminuir as tensões, afastar as responsabilidades com equilíbrio e outros movimentos que consomem bastante energia. O Divã é fundamental também porque permite ao psicanalista posicionar-se em relação a ele, de modo a ficar menos exposto, diminuindo assim a carga transferencial e o constrangimento dos olhares insinuantes, que são responsáveis pela contra-transferência, obstáculo que pode ameaçar todo o trabalho. *** No contrato deve ficar claro que o divã é para o psicanalista como a mesa de cirurgia, para o médico, ou a cadeira do paciente que o dentista usa, etc. O Divã oferece condições para que não haja compressão das juntas, como já mencionamos, oferece uma melhor oportunidade para a relaxação não só do corpo como da mente, pois se o corpo está mais descansado a mente trabalha melhor, de modo que se torna indispensável ao exercício da Psicanálise. Porém, se o paciente não está ainda liberado para usá-lo nos primeiros dias, não custa nada termos um pouco de paciência e aguardar que o mesmo adapte-se ao divã.

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Clientes ou Pacientes?

Paciente ou cliente? Como devemos chamar os nossos pacientes/clientes? Vejamos o que diz os autores abaixo: CLIENTE: Segundo Avellanal (1964, p. 182), cliente "é a pessoa que utiliza os serviços do profissional". Tratandose do setor de saúde, o autor assevera que o cliente é o mais nobre dos pacientes. Na visão de Nascentes (1988, p.145), cliente é "a pessoa que consulta habitualmente um médico, um dentista, um terapeuta. É o freguês de uma loja comercial". PACIENTE: Segundo Avellanal (1964, p.577) define paciente como o "enfermo que padece de uma lesão que deve ser tratada. Nessa mesma linha de pensamento, Filgueiras ce; doente; sofredor; resignado". Segundo Nascentes (1988, p.460), paciente "é a pessoa em quem se pratica uma operação cirúrgica; pessoa doente; que suporta resignadamente; sofredor". Para Galvão Filho (1998, p.480), paciente "é aquele que sofre de alguma doença; aquele que está em tratamento; aquele que está sob cuidados médicos ou dentários". Concluindo: poderemos chamá-lo de paciente ou cliente. Na prestação de serviço na área médica, o assistido será sempre paciente e cliente ou cliente e paciente, a ordem não muda o sentido da finalidade.

No caso do serviço prestado pelos psicanalistas, acho que soa melhor a palavra cliente. A palavra paciente já está declarando que a pessoa está doente.

26.1

Férias:

O psicanalista deve combinar com o paciente o seu período de descanso semanal, os feriados e anual. Estas férias atendem as necessidades de descanso financeiro do paciente quanto de um período de cessação de trabalho, que funciona bem para realimentar as esperanças e fortalecer a transferência, segundo a maioria dos psicanalistas. É possível fazer a opção por trinta dias corridos ou dois períodos de quinze dias, ou a critério. Entretanto, esses períodos devem ser fixados de antemão. Muito raramente se admite alteração nessa cláusula. Trabalhar direto jamais. É contra-indicado por todos os motivos.

26.2

FALTAS:

Deverá ser acertado no momento do contrato analítico. Quando o paciente faltar sem avisar até a noite do dia anterior (até +- 21h), a sessão será paga normalmente, mesmo avisando no dia da sessão. Do mesmo modo quando o analista faltar sem avisar (um esquecimento, por exemplo), aquela sessão não será paga pelo analisando. Em contrapartida o analista poderá fazer uma sessão grátis para dirimir seu erro com o analisando. Ou, fica ao critério do psicanalista como irá lidar com as faltas dele e do analisando.

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TRABALHO E INSTRUÇÕES:

Perguntas: 1) Como deve ser a relação paciente e analista para que o tratamento obtenha êxito? 2) Fale sobre o Ato Psicanalítico. 3) Fale sobre paciente analisável e não analisável. 4) Na sua visão como deve ser o ambiente físico do setting analítico, de modo a proporcionar o bem estar do paciente? 5) Fale sobre as condições necessárias para um analista. 27.1 Modelo de trabalho para o Instituto Summus: a) Os trabalhos equivalentes a média do módulo mensal são individuais; b) No mínimo duas a três folhas digitadas com conteúdo do trabalho; c) Capa com o nome: do Instituto, do aluno, da matéria e do professor (a); d) Última página com a bibliografia, caso haja pesquisa na Internet colocar o site.

ATENÇÃO: Não se limitar apenas à apostila para fazer os trabalhos, consultem os livros! R E F L E X Ã O:

Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade. Pensar é algo que certamente não se aprende; é a coisa mais compartilhada do mundo, a mais espontânea, a mais inorgânica. Mas aquela também da qual se é mais afastado. Pode-se desaprender a pensar: tudo concorre para isso. Entregar-se ao pensamento demanda até mesmo audácia quando tudo se opõe, e, em primeiro lugar, com muita freqüência, a própria pessoa. Engajarse ao pensamento reclama exercício, como esquecer os adjetivos que o apresentam como austero, árduo, repugnante, inerte, elitista, paralisante e de um tédio sem limites. Frustrar as artimanhas que fazem crer na separação entre o intelectual e o visceral, entre o pensamento e a emoção. Quando se consegue isso, é como se fosse a eterna salvação! E isso pode permitir a cada um tornarse, para o bem ou para o mal, um habitante de pleno direito, autônomo, seja qual for seu estatuto. Não é de surpreender que isso não seja nem um pouco encorajado .

- Viviane Forrester

MAL FALA, MAL OUVE, (Uyratan de Carvalho, psicanalista)

William Shakespeare

28 - BIBLIOGRAFIA: CALLIGARIS, Contardo. Cartas a um Jovem terapeuta. Elsevier Editora Ltda. 2008. CHEMAMA, Roland. Dicionário de Psicanálise. Artes Médicas. RS. 1995. DOR, Joel. Clínica Psicanalítica. Artes Médicas. RS. 1996. ETCHEGOYEN, R. Horácio. Fundamentos da Téc. Psicanalítica. A.Médicas. RS. 1989. GREENSON, Rauph. A Técnica e a Prática da Psicanálise, Vol. 1 e 2. Imago. RJ. 1981. SANDLER, Joseph. O Paciente e o Analista. Imago Editora Ltda. RJ. 1986. LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise. Martins Fontes. SP. 2000. MANNONI, Maud. A Primeira Entrevista em Psicanálise. Ed.Campus. RJ. 1997.

MOORE, Burness e FINE. Bernard. Termos e Conceitos Psicanalíticos. A. Médicas, 1992. NASIO, Juan-David. Um Psicanalista no Divã. Jorge Zahar Editor, RJ. 2002. ROUDESCO, Elizabeth e Plon. M. Dicionário de Psicanálise. Jorge Zahar Editor. RJ. 1998. ZIMERMAN, David. Fundamentos Psicanalíticos. Artmed. 1999. . Bion, da Teoria à Prática. Artmed. 2004.

SUMÁRIO 01 Introdução 02 Técnicas Recomendadas por Freud 03 Resistência 04 Contra-resistência 05 Resistência do analista 06 Conluios Inconscientes 07 Reação Terapêutica Negativa (RTN) 08 Relações Transferenciais 09 Transferência e Regressão 10 Reações Contratransferenciais (RC) 11 Conceitos de contratransferência por vários autores 12 Manejo dos sonhos 13 Contribuições de outros autores sobre os sonhos 14 O papel do analista diante do relato de um sonho

1 Introdução A criança está sempre presente no adulto, seja ele psicanalista ou não. É por isso que, depois de crescida, ela nos fala através do inconsciente. E como é próprio das crianças, diz que não é ela que gostaria de saber o que existe no inconsciente, é o inconsciente que se quer dar a conhecer: O inconsciente gostaria de passar para o consciente, mas este último não o pode receber: é . Isso nos dá uma esperança: talvez um dia seja suficientemente grande! Talvez um dia cheque a hora... Essa hora chega, de tempos em tempos. Chega quandentro de você. Você me deu essa resposta na semana passada, em determinado momento. Eu a devolvo a você, Mas, por que esperar tanto tempo? Jean-Jacques -se muito bem perceber algo sem sabêemana passada ainda não era a hora certa porque o analista, como o paciente estava ainsagem. Como teria dito Freud, ela não passava de um retorno do recalcado sem eliminação do recalcamento. Naquele momento, o psicanalista nem sequer sabia que aquilo que o paciente estava dizendo era uma resposta, porque ainda não conhecia a pergunta. Além do mais, não se identifica verdadeiramente uma pergunta, ao longo de um tratamento psicanalítico, a não ser pelo fato de que a resposta já foi dada, sem que se saiba disso no ato. Só se sabe depois.

Reconhecer isso é o trabalho elementar do psicanalista. É o que permite dizer, por exemplo, que o inconscienesteja p Aquilo que se acreditava perdido nas profundezas volta à superfície da fala, aqui e ali, difícil de reconhecer porque revestido pela linguagem de adulto. A criança que cada um de nós ainda é está travestida, disfarçada de gente grande. Tanto que poderíamos do mesmo modo repetir a fórmula e dizer: passar para o consciente, mas este último não o pode . Mais precisamente, ele se considera grande demais para perder tempo com coisas E como as crianças, é assim que muitas vezes ele diz a ode-se muito bem perceber algo sem sabêdizer um bocado de coisas. A verdade sai da boca da criança que ainda existe em nós. O inconsciente, em função de seu espaço, seu lugar, sua textura propõe ao consciente um bocado de coisas heteróclitas. É o que nos vem à cabeça, de repente. Não prestamos atenção. Ou então não sabemos o que fazer com elas. Somos grandes demais, sérios demais, como a a ciência não fala o autor, Jean-Jacques: tesouros nas latas de lixo da ciência e da consciência. É por isso que pede a quem vem consultá-lo que diga tudo

o que lhe ocorrer, assim, desordenadamente, com a idéia de que isso poderá ser útil, chegado o momento. [...] a psicanálise promete a felicidade? De jeito nenhum! Freud dizia que ela transforma a infelicidade mista. Digamos que ela não pode nos curar da vida porque a vida não é uma doença [...]. 2

Técnicas recomendadas por Freud

02.1 Regra Fundamental: Consistia fundamentalmente no compromisso assumido pelo analisando em associar livremente as idéias que lhe surgissem de forma espontânea na mente e verbalizá-las ao analista, independente de suas inibições ou do fato se ele as julgassem importantes ou não. No trabalho Dois artigos para enciclopédia (1923), Freud definiu com precisão as suas três recomendações fundamentais que, no início de qualquer análise, devem e colocar em uma posição de 2º) comprometer-se com a mais absoluta honestidade; 3º) não reter qualquer idéia a ser comunicada, mesmo quando ele senla, não tão importante ou irrelevante para o que se procuA regra fundamental nesses primeiros tempos, não se restringia unicamente à imperiosa obrigação de o analisando cumprir com a livre associação dos pensamentos,

analistas impunham desde a formalização do contrato analítico, como o uso do divã, a quantidade de sessões semanais, forma de pagamento, e assim por diante. Atualmente, alguns autores acham que a maioria dos psicanalistas prefere se limitar a deixar claramente combinados os aspectos referentes à responsabilidade que o paciente deve assumir, quanto aos horários, honorários e férias, sendo que as demais questões (como uso do divã, uso simultâneo de medicamentos; etc.) serão examinados à medida que surgirem no curso do processo analítico, hoje de duração bem mais longa do que aquelas análises pioneiras. Na verdade hoje este método já não é mais tão importante como antes, por três razões, segundo Zimerman: a impossibilidade de o P seguir à risca essa combinação, pois isso poderá lhe gerar mais um problema: a culpa por não poder cumprir o combinado; muitas associações podem levar a uma narração discursiva, obsessiva ou vazia, na forma ou no conteúdo; na psicanálise contemporânea as diversas formas de comunicação não-verbal, como é o caso dos silêncios, da entonação vocal, da linguagem corporal e gestual, das somatizações, dos actings e, a primitiva linguagem que o paciente emite pela provocação de efeitos contratransferenciais na pessoa do analista, etc., possibilitam ao psicanalista uma maior compreensão daquilo que o paciente quer expressar.

02.2 Regra da Abstinência: Foi formulada pela 1ª vez por Freud, em Observações sobre o amor transferencial (1915), em uma época na qual as análises eram curtas e na clínica dos psicanalistas predominavam as pacientes e de atração erótica com o analista, como também o fato de que à medida que a psicanálise se expandia e ganhava em reconhecimento e repercussão, paralelamente também aumentavam as críticas contra aquilo que os detratores consideravam um uso abusivo e licencioso da sexualidade. Preocupado com a imagem moral e ética da ciência que ele criara, além da científica, e com o possível despreparo dos médicos psicoterapeutas da época, quanto ao grande risco de envolvimento sexual com as suas amor de transferência -se na obrigação de definir claros limites de abstenção, tanto para a pessoa do analista como também para a do analisando. Essa regra sugere que o psicanalista abstenha-se de qualquer tipo de atividade que não seja a de interpretar. Ela inclui a proibição de qualquer tipo de gratificação externa, sexual ou social, a um mesmo tempo que o terapeuta deveria preservar ao máximo o seu anonimato para o paciente. Para o analisando, Freud impôs que ele se abstivesse de tomar qualquer iniciativa importante em sua vida, sem uma prévia análise minuciosa da mesma, por exemplo, não escolher uma profissão ou objeto amoroso definitivo, mas, adiar todos os planos desse tipo para depois de restabelecido.

A preocupação de Freud com a possibilidade de o analista ceder à tentação de um envolvimento sexual com os pacientes era tanta que ele utilizou a metáfora de um radiologista que deve se proteger com uma capa de chumbo contra a incidência dos efeitos maléficos dos Atualmente, sem perder a necessária preservação do setting normatizador e delimitador, a maioria dos psicanalistas, segundo pesquisas dos autores, trabalham de uma forma mais descontraída, o clima da análise adquiriu um estilo mais coloquial, com uma menor evitação de aproximação (que anteriormente levaria a adquirir uma natureza fóbica). Além disso, há um certo abrandamento superego analítico (o qual é herdeiro das instituições que o formaram e modelaram como psicanalista), de modo a possibilitar que o analista possa sorrir durante a sessão, responder a algumas inócuas perguntas particulares, dar algum tipo de orientação, não ter pavor de que apareça alguma fissura no seu anonimato, etc. Aplicar rigidamente a regra da abstinência e do anonimato, nos termos em que foram originalmente recomendadas por Freud, nas análises mais longas de hoje, seria impossível e conduziria para um clima de muita falsidade, além de um incremento da submissão e paranóia. 02.3 Regra da Atenção Flutuante: Freud estabeleceu, como equivalente à regra fundamental para o analisando e também para o analista. Foi em Recordações... (1912), que ele postulou que o analista deve propiciar condições para que se estabeleça uma comunicação de inconsci-

ente para inconsciente e que o ideal seria que o analista pudesse -se artificialmente para poder ver Ao complementar essa regra de Freud, Bion argumenta que esse esta útil para permitir o surgimento, na mente do analista, da importante capacidade, latente em todos, de intuição, ou seja, olhar para dentro uma espécie de terceiro olho a qual costuma ficar ofuscada quando a percepção do analista é feita unicamente pelos órgãos dos sentidos. Uma questão que comumente costuma ser levantada refere-se à possibilidade de o analista atingir a real condição cegar-se -se de seus desejos, da memória e de seus prévios conhecimentos teóricos. Os psicanalistas mais experientes acham que não há nenhum inconveniente em que o A sinta desejos ou quaisquer outros sentimentos, assim como a memória de fatos ou teorias prévias, desde que ele esteja seguro que a sua mente não está saturada pelos aludidos desejos, memórias e conhecimentos. Atualmente é bom destacar que o analista não deve levar a regra da atenção flutuante rigorosamente ao pé da letra, para evitar trabalhar em estado de desconforto, devido a culpas, e uma conseqüente sensação de fracasso pessoal, pois é impossível sustentar essa condição durante todas as sessões, sem que eventualmente ele tenha suas distrações, divagações, desejos, cansaço, algum desligamento... Um possível surgimento de imagens na mente do analista enquanto o paciente fala, sempre foi considerado como sendo uma provável distração e alheamento do terapeuta, no entanto, na atualidade, isto está

sendo visto como uma possibilidade de que se trate de ideogramas (termo empregado por Bion), ou seja, uma importante forma onírica de comunicação por intermédio de imagens, por parte do paciente, de algo que vai além das suas palavras e da captação pelos órgãos dos sentidos do analista. 02.4 Regra da Neutralidade: Onde Freud apresenta a sua famosa metáfora do espelho, pela qual ele aconselhava aos médicos que exerciam a terapia psicanalítica opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não lhes mostrar nada, exceto o que o como sendo a contrapartida da regra fundamental exigida ao paciente. A palavra original em alemão para esse termo é indifferenz, cuja tradução mais próxima é , porém não vamos ficar indiferentes à possibilidade, não tão incomum, de que muitos analistas confundam um sadio estado mental de imparcialidade neutra com o de uma verdadeira indiferença, prejudicial para a análise, até mesmo porque muitos autores acreditam que a recomendação que Freud fazia acerca da neutralidade era tão rigorosa que o analista praticamente era incitado a, de fato, manter uma indiferença. Atualmente, acredita-se que o analista deve funcionar como um espelho, sim, porém no sentido de que seja um espelho que possibilite ao paciente mirar-se de corpo inteiro, por fora e por dentro, como realmente ele é, ou que não é, ou como pode vir a ser!

No sentido absoluto do termo, a neutralidade é um mito, impossível de ser alcançado, até mesmo porque o analista é um ser humano como qualquer outro e, portanto, tem a sua ideologia e o seu próprio sistema de valores, os quais, quer ele queira ou não, são captados pelo paciente. Resta acrescentar que, aliado a um reconhecimento dos seus sentimentos contratransferenciais, também os conhecimentos teóricos do analista favorecem um adequado desempenho da regra da neutralidade. 02.5 Regra do Amor às Verdades: Em diversas passagens de seus textos técnicos, Freud reiterou o quanto considerava a importância da verdade para a evolução exitosa do processo psicanalítico. Mais exatamente, a sua ênfase incidia na necessidade de que o psicanalista fosse uma pessoa veraz, honesta, verdadeira, e que somente a partir dessa condição fundamental é que a análise poderia, de fato, promover mudanças verdadeiras nos analisandos. Dessa firme posição de Freud, podemos tirar uma primeira conclusão: a de que mais do que unicamente uma obrigação de ordem ética, a regra do amor às verdades também se constitui como um elemento essencial da técnica da psicanálise. Em relação ao compromisso com a ética, é oportuno incluir que também diz respeito à necessidade de o psicanalista não emitir julgamentos a respeito de terceiras pessoas, muitas vezes inclusive de colegas, tendo em vista que os pacientes os convidam para tal quebra de ética por meio de um inconsciente jogo sutil e provoca-

dor veiculado por intrigas, insinuações, proposição de negócios, envolvimento amoroso e afins. Antes dessa caça à verdade, o importante é a aquisição de uma atitude de ser verdadeiro, especialmente consigo, único caminho para atingir um estado de liberdade interna, o que seguramente é o bem maior que um indivíduo pode obter. De fato, verdade e liberdade são indissociáveis entre si e não é por nada que na Bíblia Sagrada consta um trecho de uma profunda e milenar sabedoria ade, e a verdade vos (João 8.32). Esta regra técnica inerente ao amor à verdade é parte de uma condição mais ampla na pessoa do A que vai muito além de unicamente uma capacidade para entender e habilidade para interpretar podendo ser denominada atitude psicanalítica interna e que, na contemporânea psicanálise vincular, assume uma importância fundamental, pois implica a indispensabilidade de demais atributos mínimos, como são os de empatia, de intuição, etc. Freud entendia a sua postulação de ser indispensável a honestidade e a verdade tanto à pessoa do analista quanto à do paciente. Em relação ao analista, ninguém contesta a validade dessa assertiva de Freud, a ponto de podermos afirmar que se o profissional que labora como analista não tiver suficientemente esse atributo de ser verdadeiro, o melhor que ele tem a fazer é mudar de especialidade. 3

Resistência

Desde o início da psicanálise, a resistência tem sido exaustivamente estudada em sua teoria e em sua técnica, mas, nem por isso, na atualidade, perdeu sua significação e relevância. Mesmo com todo desenvolvimento e avanço da psicanálise, a resistência continua sendo a pedra angular da prática analítica. Freud empregou o termo resistência pela primeira vez ao se referir a Elizabeth Von R. em 1893. Até então, a resistência era considerada exclusivamente obstáculo à análise, e sua força corresponderia à quantidade de energia com que as idéias tinham sido reprimidas e expulsas de suas associações. Uma das regras da psicanálise é que tudo o que interrompe o progresso do trabalho psicanalítico é uma resistência (Freud). A resistência no cotidiano da prática analítica tanto pode ser inconsciente quanto consciente, mas sempre provém do ego, mesmo que possa vir em função de outras instâncias psíquicas. Ela pode expressar-se em emoções, atitudes, idéias, impulsos, fantasias, linguagem, somatizações ou ações. Na clínica ela pode aparecer de várias maneiras: clara, oculta, sutil, simples, complexa; pelo que está acontecendo e pelo que está deixando de acontecer. Além disso, cada indivíduo tem uma carga de recursos resistenciais, os quais variam com os distintos momentos do processo analítico. Um outro critério de classificação da resistência está baseado nas manifestações clínicas, tais como: faltas, atrasos, intelectualizações, exagero de silêncio ou prolixidade, segredos, sonolências, etc.

Tipos de resistência: vários autores classificaram as resistências segundo seu ponto de vista. Existem mais de quarenta tipos de resistências com suas características. Pedimos que vocês consultem a literatura sobre o assunto. 4

Contra-resistência

Assim como a resistência pode partir unicamente do paciente, também pode proceder do analista, embora o que vai nos interessar é a interação resistencial-contraresistencial que se processa entre ambos, no campo analítico. Segundo Bion, o analista pode estar com a mente saturada por . Ocasionando que durante a sessão o A pode ficar confuso com a hipertrofia ou atrofia de seus desejos, com a sua memória atrapalhada e, conseqüentemente, com sua capacidade de percepção prejudicada, em razão dos ataques aos vínculos inconsciente do paciente. A CR pode estar a serviço de uma sutil resistência do paciente, a qual consiste no fato de em vez de atacar a sua própria percepção de verdades intoleráveis, consegue o mesmo resultado, fazendo com que se multipliquem as resistências do seu analista. 5

Resistência do analista

É identificada quando elas se repetem de modo sistemático com todos os seus pacientes, independente de como eles sejam, diante de uma complicação emocio-

nal equivalente. Por exemplo, se, com qualquer paciente de uma determinada categoria (idoso, adolescente, mulher, psicótico...), sem levar em consideração a estrutura emocional de cada um deles individualmente, o analista vier a experimentar as mesmas reações emocionais, com certeza ele resistirá em aprofundar a análise do que ele não está suportando em si próprio. 6

Conluios inconscientes

Lembrando que o tratamento psicanalítico não é a análise isolada de um indivíduo, mas sim a de um vínculo humano, com múltiplos vértices, podendo ocorrer um desvirtuamento analítico desse vínculo, o que, às vezes, torna-se difícil de desfazer. Na clínica cotidiana, vemos isso em uma infinidade de parelhas que se estruturam de formas complementares, tipo: sadomasoquista; forte-fraco; rico-pobre; sadio-doente; feio-bonito; sedutor-seduzido; criançaadulto; etc. Um paciente com tais características tentará reproduzir com o seu analista algumas dessas modalidades inter-relacionais, e isso se constitui no risco do estabelecimento no processo analítico de um irreparável conluio de recíprocas resistências. O estado de resistência-contra-resistência mais séria e esterilizante de uma análise é aquela que se manifesta sob a forma de conluios inconscientes (aos conscientes, fica mais apropriado chamá-los de ) entre o paciente e o analista. Existem outras variantes de conluios resistenciaiscontra-resistenciais, no entanto, o que vale destacar é que

o paciente está rigorosamente dentro do seu papel de analisando, sendo que a responsabilidade pela formação do conluio inconsciente cabe ao psicanalista. Se, por acaso o psicanalista não se der conta disto ou não tiver condições de reverter o acontecimento no campo analítico, aumentará a possibilidade de que o processo analítico se cronifique em uma circularidade estéril ou que desemboque em impasse psicanalítico, inclusive na tão temida reação terapêutica negativa. 7

Reação Terapêutica Negativa (RTN)

A expressão reação terapêutica negativa apareceu pela primeira vez no quinto capítulo do trabalho O ego e o Id (1923), onde Freud diz que certos pacientes não toleram o progresso do tratamento ou as palavras de estímulo que, em um dado momento, o analista pode crer que seja adequado oferecer-lhes e reagem de uma forma contrária ao esperado. Essa reação não só surge quando ouve algo positivo em relação ao tratamento, mas também quando se realizou algum avanço na análise. No momento em que fica resolvido um problema ou vencida uma resistência, a resposta do analisado, em vez de ser uma vivência de progresso e de alívio, é o contrário. São pessoas, diz Freud, que não podem tolerar nenhum tipo de elogio ou apreço, e respondem de forma inversa a todo progresso do tratamento, onde esse tipo de reação está ligada ao sentimento de culpa, que opera a partir de uma ação superegóica, onde o superego não lhe dá o direito de melhorar. A RTN está vinculada a um

sentimento de culpa, ou necessidade de castigo que, segundo Freud, se satisfaz na enfermidade, e que enquanto herdeiro da relação com o pai provém da angústia de castração, apesar de que ficam nele contidas a angústia do nascimento e a separação da mãe protetora. O sentimento de culpa tem a ver com a severidade ou com o sadismo do superego, enquanto a necessidade de castigo alude ao masoquismo do ego, apesar de que essas duas características estão sempre juntas em alguma medida. 8

Reações Transferenciais (RT)

Freud percebeu de início, desde que analisou Dora, a importância das reações transferenciais. Isto o levou a trabalhar no intuito de facilitar o desenvolvimento das reações transferenciais do paciente. Em contra partida apareceram as resistências, cuja função principal é evitar o desenvolvimento das RT. Evidentemente, tanto a transferência como a resistência guarda informações preciosas do passado e história reprimida do paciente. Como sabemos a transferência nada mais é do que a vivência de sentimentos, impulsos, atitudes, fantasias e defesas dirigidas a uma pessoa no presente, sendo que essa vivência não se coaduna com essa pessoa, constituindo assim uma repetição, um deslocamento de uma reação a pessoas importantes ou algo vivenciado na infância primitiva, cuja insatisfação instintual necessita de uma descarga. Exemplo: o psicanalista pode em determinada hora representar o pai, a mãe, o irmão, o

tio, ou alguém que lhe causou algo doloroso na infância. t repetições e deslocamentos por parte do paciente. Na verdade estes acontecimentos têm um valor inestimável, pois é através destas repetições e deslocamentos que o P trás seu passado para o presente ou torna-se consciente aquilo que está no inconsciente. O P, normalmente tem mais facilidade de repetir um fato que relembrar. A repetição é, na realidade, uma resistência à memória, ao inconsciente.

b)

08.1 Classificação das RT: a) Transferência Positiva: quando o paciente demonstra diferentes formas de anseios sexuais, sentimentos, como gostar, amar, e respeitar o analista; b) Transferência Negativa: quando o paciente demonstra agressividade sob forma de raiva, ódio ou desprezo pelo analista. A técnica psicanalítica é utilizada para que se tenha o desenvolvimento máximo da neurose transferencial, é esta que servirá de transição da doença para a saúde. E mesmo porque sem transferência não existe psicanálise.

c)

d)

e) 08.2 Características das RT a) Inadequação: quando ocorre algo por parte do analista que irrita o paciente, isto pode não ser

uma RT, pois o comportamento do analista justifica a raiva. Porém, se o paciente ficasse furioso e não somente irritado ou se tivesse mantido completa indiferença, a intensidade inadequada da reação poderia indicar que estamos lidando com uma repetição ou reação da infância. Intensidade: em geral as reações emocionais intensas em relações ao Analista são indicativas de transferência. Válido tanto para as várias formas de amor como para o ódio e para o medo. Ex. O A faz algo que não combina com sua condição de analista. O paciente reclama, e fica furioso quando o A acha que a culpa foi do P (inconscientemente), por ser um paciente chato. Ambivalência: é bom termos em mente que todas as RTs são ambivalentes, pois coexiste um sentimento oposto, um aspecto do sentimento é inconsciente. Conforme Greenson, não há amor pelo analista sem que haja algum ódio escondido em algum lugar, nem anseios sexuais sem alguma repulsa encoberta, etc. A ambivalência pode ser facilmente detectada quando os sentimentos envolvidos são inconstantes e mudam inesperadamente. Inconstância: os sentimentos transferenciais são inconstantes, irregulares e excêntricos, principalmente no começo da análise. Tenacidade: possuem uma natureza contraditória, são também constantes e firmes. Enquanto as reações esporádicas aparecem no início da análise, as reações rígidas e prolongadas surgem nas fases mais adiantada das sessões, embora não haja regra

absoluta para isso. Não quer dizer que o trabalho analítico seja paralisado, outras características comportamentais do P podem mudar surgindo novas compreensões internas. 9 Transferência e Regressão A situação analítica dá ao paciente neurótico oportunidade para repetir, através da regressão, todas as fases anteriores de relacionamentos objetais. Pode-se observar no comportamento e fantasias transferenciais as formas primitivas do funcionamento do ego, id e superego. O paciente analisável pode regredir e sair dessa regressão. Os fenômenos regressivos são irregulares, cada fragmento clínico do comportamento transferencial tem que ser estudado com muito cuidado. Por exemplo, num paciente o desejo de ser amado pode provocar benefícios terapêuticos superficiais, mas podem encobrir um medo profundamente enraizado de perda objetal.

Em seu artigo de 1912,

re , Freud recomenda ao analista tomar como modelo o cirurgião, que deixa de lado todos os seus afetos e também a sua compaixão humana e concentra as suas forças espirituais em uma única meta: realizar a cirurgia o mais de acordo possível com as regras da arte. Ele também empregou a metáfora do esanalista, tal qual um espelho, somente deve Como vimos nessas metáforas citadas, Freud tinha uma grande preocupação quanto a uma aproximação do analista com o paciente. Muito embora ele mesmo tenha recomendado que o inconsciente do analista comporte-se a respeito do inconsciente emergente do paciente, ou seja, como um receptor telefônico se comporta com o emissor das mensagens telefônicas. Em outros escritos . Na verdade Freud pregava a distancia efetiva entre o analista e o paciente, mas ao mesmo tempo ele pregava que o analista fosse bastante sensível ao paciente. 10.1 - Formas De Reações Contratransferênciais

10

Reações Contratransferenciais (Rc):

Para Freud, ocorre quando o analista reage ao paciente como se o paciente fosse uma pessoa significativa na história primitiva do analista. uturas da teaos médicos não-analisados que praticavam a psicanálise.

a) Erotizada: quando o analista sente sensações e desejos eróticos que lhe são despertados pelo paciente, constitui situações analíticas normais, desde que a sua atividade, perceptiva e interpretativa, não sofra nenhum prejuízo e o mesmo esteja consciente do que está sentido e como psicanalista possa cumprir seu dever de manter a neutralidade. Mas é bom ficar atento porque o psicanalista,

como ser humano, poderá sentir atração pelo seu paciente e na maioria das vezes essa atração é recíproca, o que interfere na atividade psicanalítica, podendo perverter o vínculo analítico. b) Somatizada: é aquela que se manifesta sob a forma de somatizações na pessoa do analista. Variam desde algum desconforto físico, como uma dor de cabeça, ou em outra parte do corpo, sonolência ou fortes sensações e sintomas corporais. c) Sonolência: ocorre às vezes no analista com alguns pacientes, através dos sintomas deste último. Isso ocorre porque: O analista faz um grande esforço devido à pressão do seu superego para manterem afastadas de sua consciência algumas pulsões e ansiedades que foram despertadas pelo discurso do P. Ps que apresente alteração do seu sensório, cujas associações adquirem um caráter estereotipado, de modo que elas são pronunciadas em tom de voz monótono e monocórdico. É aquela decorrente das identificações projetivas do P, de seus objetos internos, que habitam o espaço depressivo (do analisando), sob forma de moribundos, isto é, embora mortos, eles permanecem vivos, dentro da sua mente. Cria-se um estado mórbido. A sonolência do A estaria representado por

uma contra-identificação dele com esses mortos-vivos 11 CONCEITOS DE CONTRATRANSFERÊNCIA (VÁRIOS AUTORES): FREUD (1910) - a contratransferência consistia terapeuta como influência nele dos sentimentos M. Klein (1946) - disse que a contratransferência (identificação projetiva) não era mais do que um obstáculo para análise, uma vez que ela corresponderia a núcleos inconscientes do analista, insatisfatoriamente analisados. Winnicott (1947) cos que o par analítico provoca um no outro. Rosenfeld (1947) - disse que somente conseguia entender um paciente psicótico a partir dos próprios sentimentos despertados nele, pelo paciente. Racker (1948) a CT consiste em uma conjunção de imagens, sentimentos e impulsos do analista durante a sessão. Bion (1963) fez a importante observação de que a identificação projetiva, mais do que uma mera descarga de sentimentos intoleráveis, conforme enfatizava M. Klein, também tinha a função de uma forma de comunicação primitiva, nãoverbal, por meio dos efeitos contratransferenciais.

12 - Manejo dos sonhos Os sonhos acompanham a humanidade desde sempre. Na Bíblia sagrada constam os relatos de José, filho de Jacó, interpretando os sonhos de um faraó egípcio, como também Daniel, interpretando os sonhos de Nabucodonosor (interpretação por inspiração divina). Como sabemos, Freud foi o primeiro cientista que, a partir de 1900, começou a dar uma dimensão rigorosamente científica quanto à compreensão da formação e das funções dos sonhos. Antes das suas descobertas, a busca de entendimento dos sonhos estava entregue a profetas, adivinhos charlatões, com mensagens de espíritos ou interpretações fantásticas. Até o final de sua obra, Freud concebeu o fenômeno dos sonhos como resultante de inconscientes desejos infantis, às vezes proibitivos, que, por isso, foram reprimiconteúdo latente conteúdo manifesto como uma forma de gratificação dos desejos resto diurno censura onírica trabalho onírico torções que disfarçam os desejos, se manifestam através de uma gratificação alucinatória com imagens visuais. 12.1 - O sonho como via régia do Inconsciente Durante muito tempo essa frase de Freud constituiuse como uma verdadeira bandeira para todo psicanalista.

Na atualidade, o sonho prossegue como sendo uma via importante de acesso ao inconsciente, porém não mais régia, porquanto não reina absoluta. Existem inúmeras outras vias de acesso ao inconsciente (verbal e nãoverbal). 12.2 - O sonho como uma interpretação de desejos: Essa afirmativa de Freud continua despertando porelaçõe sob a liderança de M.Klein - o sonho deixou de ser unicamente uma realização de desejo e ganhou a relevância de também ser considerado como uma forma de comunicação, de sentimentos muito primitivos, por meio de um código estabelecido entre o par analítico. Na psicanálise contemporânea considera-se que, às vezes os sonhos podem significar uma realização de desejo; porém isso não é o principal, pois está ficando consensual entre os analistas o fato de que os sonhos do paciente durante certos períodos do processo analítico, silenciosamente, 13 - Contribuições de outros autores sobre os sonhos: Melanie Klein: teve o mérito de equiparar os sonhos, segundo as concepções de Freud, com a forma de como a criança brinca com os jogos, desenhos e brinquedos. Ela valorizou a importância das fantasias, ligadas às relações objetais

internas, que se expressam por meio do simbolismo dos sonhos. Outro aspecto refere-se à recomendação que os sonhos sempre devem ser vistos e interpretados no aqui-agora, como uma mensagem transferencial. Lacan:

mória e sem desejo modo a escutar o paciente com isenção e poder observar as imagens oníricas (ideogramas) que surgirem em sua própria mente. Bion ências emocionais conscientes e as armazena

Winnicott: coerente com o seu corpo teórico lúdi-

piciador do pensamento, que adquirem a forma de imagens oníricas que, recebendo estímulos internos ou externos, podem se manifestar nos sonhos durante o sono, ou como ideogramas, no estado de vigília. Afirmou que os psicóticos mais graves não sonham.

co, ele recomenda que analista e paciente fajogo do rabisco no do entendimento do sonho, até formarem um desenho do mesmo. Segundo ele o analista ofuscar a não é tanto a interpretação do sonho, mas, sim, Psicólogos do Ego: eles utilizam o ponto de vista estrutural, ou seja, como se manifestam às pulsões do ID, as funções do EGO, e a censura do SUPEREGO, também reduziram a obrigação que o analista tinha de fazer uma decifração do conteúdo latente, que estaria contido em qualquer fragmento do conteúdo manifesto. Meltzer: sucessivas transformações do processo. Ele recomenda que diante dos sonhos relatados, o sem me-

13.1 - O papel do analista diante do relato de um sonho: O analista deve acreditar que, por mais camucomunicar por mais resistente que esteja, ele anseia que o seu analista consiga decifrar e pôr em palavras com um sentido esclarecedor. Capacidade de sonhar a sessão. Como Freud, observar e transformar os conteúdos manifestos do sonho em conteúdos latentes, com o es-

ber

Bion). sujeito suposto sante mercê de

uma exagerada idealização do analista delega a este a função de quem sabe e pode tudo. Lembre-se a tarefa da interpretação é participação conjunta do par analítico. Não force o paciente a sonhar. Não demonstre para o paciente a importância do sonho para o tratamento. Não valorize demais um determinado sonho.

Reflexão as fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de Ca - Oscar Wilde

SUMÁRIO 01 Análise, psicanálise, processo analítico e situação analítica 02 O silêncio no setting analítico 03 A atividade interpretativa 04 Destino 05 Interpretação e transferência 06 As atuações (actings) 07 Conceito de insight 08 Elaboração, confrontação e clarificação 09 A cura (Conceituação) 10 Término da análise 11 Condições necessárias para um analista 12 Demais condições necessárias segundo Bion 13 Crise atual da psicanálise 14 As perspectivas futuras da psicanálise

01 - Análise, psicanálise, processo analítico, situação analítica A análise é, na verdade, um método ou procedimento utilizado para compreender o inconsciente, mediante o emprego das técnicas psicanalíticas, como a associação livre, resistência, transferência, sonhos, etc. É um método de investigação terapêutica. Freud disse muitas vezes que a psicanálise é uma teoria da personalidade, um método de psicoterapia e um instrumento de investigação científica, querendo destacar que, por uma condição especial, intrínseca desta disciplina, o método de investigação coincide com o procedimento de cura, porque, à medida que a pessoa conhece a si mesma, pode modificar sua personalidade, Isto é, curar-se. 02

O Silêncio no setting analítico:

Por muito tempo o silêncio era somente visto como uma resistência do paciente em relação à análise. É compreensível, pois a comunicação não-verbal ainda não era tão conhecida como atualmente. Alguns pacientes não conseguem exprimir seus sentimentos primitivos numa linguagem verbal. Os psicanalistas contemporâneos afirmam que ao lado de uma manifestação de controle resistencial, o silêncio também exerce uma importante função de comunicação não-verbal na interação analista-analisando. É importante o analista compreender

tradução em palavras simples e compreensíveis. 02.1 - Tipos de Silêncios: a) Simbiótico: quando o paciente se julga no direito pleno de esperar que o analista adivinhe suas necessidades não satisfeitas; b) Bloqueio: da capacidade de pensar; c) Inibição fóbica: medo de falar devido a uma forte ansi interpretado, ocorrer quebra de sigilo, etc. Neste caso, a inibição da fala é comparável à contenção anal das sujeiras de fezes e urinas. d) Protesto: o paciente não tolera a relação assimétrica com o analista, e fazendo silêncio ele quer obrigar o analista a falar mais. Normalmente isto acontece quando os anseios narcisísticos não estão sendo correspondidos. e) Controle: é a forma de testar a paciência do analista ou de impedir que este consiga material para construir as interpretações que possam ameaçar sua auto-estima. f) Desafio narcisista: ele crê no silêncio como uma forma de fantasia de que ficando em silêncio ele vai derrotar o seu analista. Lembrando Lacan: poder é o que fica calado, porquanto é ele que outorga as significações ao que o g) Negativismo: o silêncio tanto pode ser uma forma de identificação com os objetos frustradores que

não lhe respondiam ou pode estar representando o do 15º mês de vida, segundo Spitz (1957). h) Comunicação primitiva: através dos efeitos da contratransferência que o silêncio do paciente desperta no analista, ele pode estar fazendo importante comunicação daquilo que está inconsciente e que não consegue expressar com palavras. i) Regressivo: em algumas ocasiões o paciente totalmente silencioso, adormece no divâ como se fosse uma criança tendo sua mãe a velar o seu sono. Ou quando o silêncio é prolongado poderá ser uma forma de busca da presença da mãe, segundo postulou Wi a capacij) Elaborativo: muitas vezes o silencio se constitui numa oportunidade de tempo e espaço para o paciente fazer reflexões, correlações e a integração dos insights parciais para um insight total. Obs: O silêncio pode ser, às vezes, cansaço mesmo, ficar atento para não confundir. 02.2 - O Silencio no adolescente: Devido até a sua pouca experiência de vida, estes pacientes mostram-se muito silenciosos nas primeiras sessões, por não entender ainda as vicissitudes do processo analítico, querem respostas imediatas, ele leva tudo no concreto, confunde o real com o imaginário e tenta falar como se fosse um adulto. Constantemente exige opiniões e conselhos do analista e diante das frustrações magoa-se com facilidade.

Suas principais frustrações decorrem do não atendimento de seus pedidos e desejos, e principalmente quando este adolescente não se sente compreendido por seu terapeuta, da mesma forma como ele acredita que seus pais não o entendem. Outra forma de frustração é por meio de acting, sendo o mais comum, faltar muito às sessões e até o abandono da análise. O psicanalista deve ter cautela especial no atendimento desses pacientes e com sua atividade interpretativa, correndo o risco do terapeuta deixar-se envolver por uma contratransferência (analista) estará identificado com os pais repressores e, por conseguinte, reforçará no analisando o seu superego ameaçador, ou o seu ideal de ego está repleto de expectativas dos pais a serem cumpridos por ele. 02.3 - O Silencio do Psicanalista: A técnica psicanalítica nos ensina que o psicanalista deve manter-se em silêncio. Foi isso que vimos na maioria dos livros consultados. Reik dizia para os psicanalistas manter-se nas sessões o máximo possível silencioso, com a finalidade de despertar um estado de ansiedade no paciente, e, dessa forma, impedi-lo a quebrar o mutismo do analista e com isso verbalizar as suas experiências emocionais. Os seguidores da escola da psicologia do ego, que são herdeiros da obra de Freud, eram analistas muito silenciosos e no inicio da análise não interpretam nada.

Os kleinianos romperam com o paradigma da psicanálise clássica, e adotaram uma atitude interpretativa mais imediata. Priorizam a necessidade interpretativa, logo que surja a ansiedade em qualquer momento da sessão. Os lacanianos fizeram o inverso, ficando até meses sem interpretar, justificando o silêncio como uma forma de fazer o analisando flagrar o seu discurso com palavras vazias e desenvolver a capacidade para falar com palavras cheias, em um discurso significativo. Eles buscam uma tempo lógico sessão (vale lembrar que para os lacanianos não importa p castração que o ajudará a passar do registro imaginário para o registro simbólico. Alegam também que evitam interpretar muito para não criar a fantasia do paciente de que o analista pode sempre responder à sua demanda. Interessante é que o próprio Freud não utilizava este silencio tão comentado, pelos seus relatos dá para observar. Conforme lemos em seus escritos, Greenson também conversava com seus pacientes, não era tão ortodoxo assim. Vivemos hoje, numa época diferente, com outras experiências, outros valores, conhecimentos de outras técnicas, como a comunicação não-verbal, etc. Portanto, cada psicanalista seguirá a sua linha de trabalho, aquela que melhor lhe convir, dentro da psicanálise. Entretanto, lembramos aos colegas, que somos psicanalistas e não, psicólogos, médicos ou conselheiros. As intervenções e

as atividades interpretativas devem ser feitas sempre que necessário, observando os princípios básicos da técnica psicanalítica. 02.4 - Mutismo É uma forma mais prolongada com uma determinação mais definida por parte do paciente, em manter-se em silêncio na análise, às vezes de forma absoluta, ou com esporádicos e lacônicos comunicados verbais. Deve-se, também, verificar se o paciente está representando uma timidez expressiva para proteger o self ameaçado (pulsão de vida) ou se adquiriu uma forma arrogante com uma conduta própria de um negativismo mais amplo e arraigado (pulsão de morte). O mutismo do analisando pode estar significando uma extrema necessidade em proteger-se contra possíveis novas humilhações já sofridas no passado e também contra o reconhecimento de que ele precisa e depende dos outros, que ele tem muitos gritos trancados na garganta, muitas lágrimas a serem choradas e muitos doloridos sentimentos esperando para serem descodificados, pensados, sofridos e verbalizados com palavras e nomes. 03 A Atividade Interpretativa O tripé fundamental da psicanálise é a resistência, a transferência e a interpretação, conforme postulou Freud, e é o que a diferencia das demais formas de terapias não psicanalíticas. Desde os seus primórdios até a atualidade, continuam persistindo muitos pontos bastante

polêmicos entre os psicanalistas em relação ao conteúdo, à forma e ao estilo de interpretar. 03.1

Conceituação

Pontalis (1967) não é uma tradução fiel ao termo original significa esclarecimento e explicação. Freud também descoberta de uma significação. Então para Freud a interpretação seria: uma forma do analista explicar o significado de um desejo (pulsão) inconsciente.

03.2 - Significação Refere-se às profundas distorções provindas desde o psiquismo primitivo da criança, não só como resultado de suas fantasias, como também expressão da veiculação do discurso dos pais, do meio que viveu e da própria sociedade. Diferentemente da psicanálise clássica, onde a insultante da livre associação de idéias, e ao psicanalista, cabia a tarefa única de descodificar e traduzi-las para o analisando. A psicanálise contemporânea está mais vinculada à relação entre paciente e analista. O termo teração entre o analista e o analisando, onde o analista deixa de ser um mero observador e passa a ser um participante ativo.

Sendo que cada um do par analítico influencia e é influenciado pelo outro, de modo que a interpretação formal representa ser uma das peças importantes de um processo mais amplo, que é o da comunicação entre ambos, tanto a consciente como a inconsciente, a comunicação verbal e a não-verbal, no registro imaginário ou simbólico, no plano inter, intra ou transpessoal, na dimensão científica, filosófica ou artística, etc. Antigamente a Interpretação valorizava a descodifivia régia acesso ao inconsciente. Depois a Interpretação dos sonhos cedeu lugar à Interpretação sistemática agora co mente esta transferência está entendida unicamente como repetição de coisas do passado, mas tem que levar em conta outros fatores inclusive a pessoa do Analista. Dentro desta nova perspectiva da atual psicanálise vincular, nem todo paciente diz a verdade, muito pelo contrário, muitas vezes o discurso dele é o inverso, induzindo o Analista a interpretar o que ele deseja ouvir, para triunfar sobre ele, ou para não necessitar sofrer e fazer verdadeiras transformações e mudanças na sua personalidade. Por outro lado também nem tudo que o Analista diz são interpretações que correspondam ao que realmente proveio do analisando, pois, às vezes as interpretações podem adquirir um grau de sugestionabilidade sobre o paciente. Obs: Cuidado para não fazer falsas interpretações.

A reciprocidade do vínculo analisando-analista, as identificações projetivas, segundo Racker (1959), poderá provocar no analista: Contra-identificação do tipo os primitivos objetos superegóicos que nele foram projetados, determinando quase sempre uma contratransferência patológica. Contra-identificação possibilitará uma indispensável empatia. O mais importante é aquilo que o Paciente diz e faz ou o que ele deixou de dizer, sentir ou fazer? Aquilo que ele associa e nos verbaliza ou como que ele entende e significa o que dizemos a ele? Na verdade não existe uma única interpretação. A interpretação guarda uma equivalência com a hermenêutica (arte de interpretar, particularmente os textos de natureza muito ambígua). Cada paciente tem seu oráculo, seus signos e mensagens de múltiplos significados e que precisam ser descodificados diferentemente a cada vez, de acordo com a situação e o momento particular de cada intérprete, no caso o psicanalista. 03.3 - Finalidade Segundo o consenso geral entre os psicanalistas a interpretação visa sobretudo à obtenção de insight. Os diversos insights parciais possibilitam ao analista o trabalho de uma elaboração psíquica. A interpretação do analista não deve ficar restrita unicamente à conscientização dos conflitos inconscientes, mas, constituir-se também como uma dialética, com uma

nova conexão e combinação de significados, possibilitando que o analisando desenvolva determinadas funções egóicas que nunca foram desenvolvidas, ou que, se foram, estão obstruídas. Como, por exemplo, a capacidade para pensar as velhas e as novas experiências emocionais que Bion cita em sua obra, equivalente ao que Bollas (1992) denomina

03.4

Elementos Essenciais de uma Interpretação: Conteúdo: Como já dissemos antes, o importante é que ele seja fruto de sucessivas transformações que as mensagens verbais e não-verbais vão produzindo na mente do analista até que ele encontre a nomeação necessária. Forma: Muito cuidado como o conteúdo está sendo formulado, principalmente com pacientes bastante regredidos e cuja atenção está muito mais voltada a mínimos detalhes provindos do analista (querendo saber se pode confiar nele, já que não confia em seus objetos internos) do que propriamente interessado naquilo que lhe está sendo dito. A forma por si só, pode funcionar como sendo uma interpretação. Oportunidade: Consiste naquilo que todos aprendemos como sendo o timing, o qual deve ser derivado de um estado mental do analista que venho chamando de bússola empática, que, se estiver sintonizada com o estado mental do analisando, constitui-se talvez no elemento mais importante

relativo ao fato de que nem sempre uma interpretação correta é eficaz, e vice-versa. Finalidade: Por sua importância será explicada no próximo subtítulo. Destino: Também explicada a seguir. 03.5

Finalidade da Interpretação

É importante saber para quem foi dirigida a interpretação, ou seja, para qual personagem que habita o interior do paciente e que neste momento está falando por ele e de dentro dele (pai, mãe? etc.). E se for um desses, trata-se do lado amigo ou tirano desse pai ou mãe? E se pretende atingir a ou a falso self psicanalista está emitindo a sua interpretação? A finalidade da interpretação varia de acordo com a situação e o processo analítico. Iremos estudar seis tipos de interpretação, seguindo o critério de sua finalidade.

03.6 Tipos de Interpretação a) Compreensiva: aquela que é iniciada desde as entrevistas preliminares e também durante toda análise. A sua finalidade é fazer o paciente sentir que suas angústias e necessidades estão sendo compreendidas e contidas e com isso constituir o par analítico e um empático clima de trabalho. b) Integradora: tem a finalidade de promover a integração das partes do self do paciente que estão

dissociadas para fora (identificações projetivas) e para dentro dele, que embora esteja ativa, ele desconhece, neste caso é necessário, segundo Bion, que o analista apresente ao analisando estas partes

Essa forma de interpretação promove o ingresso na posição depressiva, além de facilitar que o paciente resgate valores, capacidades e identificações que estavam atrofiadas e esvaziadas. c) Instigadora: refere-se às intervenções do Analista que, embora não seja uma interpretação propriamente dita, exerce uma importante função interpretativa, pois elas vão abrir novos vértices de percepção, conhecimento e reflexões sobre as atuais e antigas experiências emocionais, de modo a estimulá-lo a pensar. d) Disruptora: desconstrutiva (Bollas, 1992) quando o analista torna egodistônico aquilo que, embora seja doentio, está integrado na estrutura psíquica do paciente de uma maneira egossintônica. Exemplo as ilusões narcisistas de muitos pacientes, as quais devem ser desfeitas para permitir a passagem do registro imaginário para o simbólico. Aplicável quando o paciente pensa ser uma coisa e até imagina que os outros pensam assim também sobre ele e que, provavelmente, o paciente nunca virá a ser. É somente por meio da penosa elaboração desta des-ilusão das ilusões narcisísticas, que

será possível uma mudança onde o paciente possa avançar e descobrir seu verdadeiro self. e) Nomeadora: quando o analista acolhe as cargas projetivas do seu paciente, pensa nelas, descodifica, transforma, dar significado e finalmente um no paciente é grande, pois o analista insiste para ele verbalizar sua angústia, enquanto este insiste que não encontra palavras para expressá-las. f) Reconstrutora: é como se o analista fizesse uma costura entre as experiências emocionais atuais que estão sendo vividas e ressignificadas na análise e aquelas experiências análogas do passado, tal como elas foram distorcidas pelas fantasias inconscientes e pelos significados que foram imputados pelos pais, educadores e cultura vigente. Isso com certeza vai reconstruir a sua identidade existencial. 04 Destino 04.1 - Destino da Interpretação na mente do analista A interpretação corre o risco de tornar-se ineficaz quando o analista elabora unicamente o que o paciente fala e, não sobre o que ele diz, faz e, sobre quem realmente ele é contribuindo para que ele permaneça oculto sob as várias formas resistenciais imperceptíveis. Da mesma forma a interpretação torna-se estéril se atitude psicanalítica interna do terapeuta, ou seja, se não houver

uma sintonia entre o que ele diz e o que, de fato, sente, faz e é! Por exemplo, não adianta assinalar corretamente os aspectos obsessivos do paciente se o analista estiver agindo e interpretando de forma obsessiva, etc. É importante na situação analítica o estado mental não só do analisando, mas também do analista, caso contrário a interpretação perde sua eficácia. 04.2 - Destino da Interpretação na mente do analisando: O analisando participa mais ativamente no processo de esterilização das interpretações, de forma inconsciente, resistindo às mudanças verdadeiras. Mesmo numa análise exitosa, este processo obstrutivo pode acontecer com maior rigidez nos pacientes portadores de uma forte organização narcisística patológica. Um exemplo claro pode ser o de um paciente em estado regressivo-simbiótico-parasitário que acredita na ilusão de que uma interpretação correta do seu analista seja suficiente para aliviar o seu sofrimento ou fazê-lo crescer sem que o mesmo ingresse nas dores da posição depressiva. É comum, nesse caso, o paciente aceitar a parte que lhe traz alívio e rejeitar a que lhe faz sofrer. Há a possibilidade de que analisandos de predominância obsessiva utilizem as interpretações para reforçar seu arsenal defensivo; os fóbicos se relacionam com elas de maneira evasiva e evitativa; pacientes negativistas que desqualificam todas as interpretações do analista

com um propósito inicial de uma diferenciação de sua individuação, a exemplo de uma criança que ensaia o exercício do ou do adolescente que se posiciona contra tudo que vem dos seus pais, etc.

condição do analista de sujeito-suposto-saber (termo de Lacan).

05 - Interpretação e Transferência:

O termo original empregado por Freud, em alemão, é agieren, que alude ao fato de que no lugar de lembrar e verbalizar determinados sentimentos reprimidos, o paciente os substitui por atos e ações motoras, que funcionam como sintomas. Corresponde também a uma modalidade de resistência que o paciente emprega inconscientemente para impedir que as representações tenham acesso à consciência, para não correr ao risco de serem lembradas. Constitui-se em um fenômeno essencialmente pertinente ao processo analítico, que deveria ser compreendido e interpretado pelo analista. Para Lacan é uma conduta assumida por um determinado sujeito que tem uma mensagem para ser decifrada para aquele a quem ela é dirigida.

É de suma importância diferenciar a interpretação da transferência quando formulada na (dentro da) situação transferencial, daquela outra que podemos chamar de A tereotipada do analista, ainda bastante freqüente, de reduzir tudo que ele ouve de seu paciente a um sistemático o é aqui agora comigo a ponto de representar um sério risco de que as interpretações se transformem em chavões frios e mecânicos, que logo virá a ser notado pelo analisado, conferindo-lhe um controle sobre o analista, com possibilidade de induzi-lo a interpretá-lo mal ou a formular as interpretações justamente com o conteúdo que ele paciente quer ouvir, e já conhece. a do paciente fazer do analista um objeto unicamente transferencial, evitando experimentá-lo como um objeto novo e imprevisível, resultando numa análise enfadonha. Além do fato de conceder um controle ao paciente, torna o processo psicanalítico artificial. Enquanto o anaaqui - agora..., está ai diminui a importância da realidade exterior e reforça a

06 As atuações (actings):

06.1 Acting na prática: do uma forma de resistência inconveniente à evolução da análise, mas na psicanálise contemporânea, podemos vê-la através de 03 aspectos que conferem uma nova visualização e manejo técnico das atuações dos pacientes: a) processam-se quando o paciente não consegue recordar, pensar ou verbalizar seus conflitos ocul-

tos, ou quando não foi compreendido pelo analista. b) podem constituir uma importante forma de comunicação primitiva não verbal, à espera que o analista saiba descodificar e nomear a dramatização oriunda do libreto inconsciente. c) podem ser malignos decorrentes de uma forte predominância da pulsão de morte, ou benignos quando prevalece a pulsão de vida. Assim o surgimento de uma atuação pode ser negativo para a evolução da análise ou positiva quando proporciona uma via de comunicação ao desconhecido ou quando traduz algum significativo movimento de um paciente no sentido dele estar experimentando vencer alguma inibição.

07.1 - Tipos de Insight: Intelectivo: aqueles pacientes que são marcadamente intelectualizadores, como por exemplo, os obsessivos ou narcisistas. Algumas vezes esses pacientes usam o intelecto como defesa, prejudicando assim a análise. Cognitivo: é quando o paciente toma conhecimento de atitudes e características suas, até então egossintônicas. É comum o paciente perguntar ao e agora o que faço com isso Neste caso poderíamo

07 Conceito de Insight: Morfologicamente a palavra é composta dos étimos ingleses in (dentro de) + sight (visão), dando uma clara idéia de que a conceituação de insight está diretamente ligada a alguma luz que o analisando venha a adquirir por meio de uma atividade interpretativa do analista. Insight i surgindo através da interpretação do analista. Assim vai se constituindo os insights parciais que por sua vez possibilitam as mudanças psíquicas, que é o objetivo da análise. O termo insight não é unívoco, permite várias significações, de acordo com o destino que a interpretação do analista toma na mente do paciente.

Afetivo: este é o tipo mais importante para a análise, onde começa o insight propriamente dito, pois, através do conhecimento e não só uma mera intelectualização, o paciente vai vivenciar seu lado afetivo, tanto as atuais como as vivências passadas e possibilitar correlações entre elas. Reflexivo: é um importante e decisivo passo adiante, é parte das inquietações vivenciadas no insight afetivo que leva o paciente a refletir, fazer indagações e estabelecer correlações entre os paradoxos e as contradições de seus sentimentos, pensamentos, atitudes e valores; entre aquilo que ele diz e o que faz e o que de fato ele é. Este insight é de natureza binocular, isto é, o paciente

começa a olhar-se com duas perspectivas: a sua própria e a que é oferecida pelo analista. Da mesma forma é quando ele adquire condições de observar seus aspectos contraditórios, como é o caso da sua vida infantil contrapondo-se à vida adulta, etc. Pragmático: depois da bem-sucedida elaboração dos insights pelo paciente, ou seja, as suas mudanças psíquicas devem necessariamente ser traduzidas na práxis de sua vida real exterior, e que ele tenha pleno controle consciente de seu ego, assumindo, portanto, a responsabilidades pelos seus atos. 08 - Elaboração, Confrontação e elaboração Elaborar é trabalhar continuadamente, é dar significado através deste trabalho, assim o aparelho psíquico consegue transformar a energia pulsional em representações ou significados. Para Freud, de um modo em geral, a ausência ou a deficiência da elaboração das pulsões, nas suas diversas formas, estaria na base de todas as neuroses e psicoses. É uma tarefa muito difícil para o analisando a obtenção de um crescimento mental, como fruto de um trabalho de elaboração de sucessivos insights parciais, pois tudo isso o faz sentir uma profunda dor psíquica. Talvez não haja dor mais difícil de suportar do que aquela que implica em ter que se renunciar às ilusões do faz de conta

Bion, nos ensina que não se trata somente de sentir dor, mas, principalmente da capacidade de sofrer (elaborar) a dor, tendo em vista que o paciente com pseudogenitalidade deve substituir a sua costumeira atitude de evadir as verdades pela de enfrentá-las, única forma de conseguir efetivar transformações, em direção a uma verdadeira e harmônica genitalidade edípica. Confrontação consiste em chamar a atenção do paciente para um determinado fenômeno, tornando-o explícito, e fazendo o paciente reconhecer algo que esteve evitando e que terá de ser mais bem compreendido. Clarificação representa o processo que consiste em colocar sob um foco mais nítido os fenômenos psicológicos com os quais o paciente foi confrontado (e que ele agora está mais apto a considerar). 09 - A Cura (Conceituação) Na p um sentido de amadurecimento, crescimento mental, o que equivale ao trabalho de uma lenta elaboração psíquica que permita a obtenção de mudanças psíquicas estáveis e definitivas. ntido analítico são os resultados obtidos no final de uma análise. A obtenção de um objetivo terapêutico se processa de duas maneiras: através de um benefício terapêutico; através de um resultado analítico.

O resultado psicanalítico, é uma expressão que pressupõe uma condição básica: de uma modificação nas relações objetais internas do paciente. Requer trabalhar as primitivas pulsões, necessidades, demandas e desejos que estão embutidos nas fantasias inconscientes, com suas respectivas ansiedades e defesas.

teto inglês (Denys Lasdun) que sintetiza e define o espírito da análise. Entre parênteses termo de Zimerman. Nosso papel é proporcionar ao cliente, dentro do tempo e custo (e capacidade) disponíveis, não o que ele quer (pelo menos no início da análise), mas o que ele nunca sonhou em querer, e, quando ele tem o produto (resultado analítico) final, o reconhece como sendo exatamente o que ele queria o tempo todo.

10 - Término da análise: Desde a época de Freud (1937) existe uma polêmica: análise é terminável ou ela é sempre interminável? Alguns psicanalistas acham que ela é terminável, levando em conta que a cura analítica é bem diferente da clínica médica. Outros acham que ela é terminável quando ela fica interminável, ou seja, um tratamento analítico termina quando o analisando ciente de sua boa introjeção da função psicanalítica do seu analista, está equipado para a sua eterna função auto-analítica e, assim, continuar fazendo renovadas mudanças psíquicas. Um critério de bom resultado analítico, segundo Bion, não é o paciente ficar igual ao analista, ou estar curado igual ao analista, mas, sim, o de vir a tornar-se alguém, que está se tornando alguém. David Zimerman (em um de seus livros) diz que o analista é uma espécie de arquiteto que, juntamente com o cliente lida com os espaços mentais, modificando-os, abrindo paredes, emprestando mais luz, cores, harmonia e funcionalidade, cita uma frase de um arqui-

11 - Condições Necessárias para um Analista: O tempo passa, as pessoas mudam, a tecnologia avança, surgem novas conquistas e novas descobertas. A técnica psicanalítica também evoluiu com o tempo. É impossível a compreensão dos fenômenos psíquicos centrando seu foco somente na pessoa, pelo contrário, devemos ver o que ocorre no seu meio ambiente, nas suas relações. O indivíduo é um agente que pode influenciar e ser influenciado. Atualmente não é mais possível o analista limitar seu trabalho apenas ao material trazido pelo paciente, pelas livres associações. Ferenczi (1931) pode ser considerado um dos precursores da psicanálise contemporânea, ele já defendia uma inter-relação analista-paciente. Bion que seguiu a mesma linha enfatizou as condições emocionais do analista ao longo de um tratamento analítico, com isso ele propôs: que cada analista deve ter em mente, de modo claro, quais as condições mínimas

necessárias, para si mesmo nas quais ele e o seu paciente possam fazer um trabalho psicanalítico. Bion, foi o autor que mais enfatizou a participação do terapeuta, por meio do seu modelo continente-conteúdo, e outras concepções, segundo David Zimerman em seu livro: Fundamentos Psicanalíticos (1999). Por isso vamos citar algumas condições necessárias para um analista. 12 - Demais Condições Necessárias para um Analista 2º Bion: a) Formação do Analista: Bion já falava em seus seminários que a prática da psicanálise era muito difícil. A teoria é simples, se uma pessoa tem uma boa memória poderá decorá-la facilmente. Daí para ser um bom analista tem que saber lidar com uma situação desconhecida, imprevisível e perigosa. Além de estar sempre estudando, participando de grupos de estudos, seminários, congressos, é necessário ter uma competente habilidade (resultante da supervisão), deve possuir adequada atitude psicanalítica (mercê de seus atributos naturais e, aqueles desenvolvidos pela análise pessoal), sendo que esta última consiste exatamente na posas angústias e os imprevistos de uma longa viagem pelo inconsciente do paciente e dele também. b) Par analítico: Bion disse: ... a única coisa que parece ser básica não é tanto aquilo que fazemos,

mas, aquilo que vivemos, aquilo que somos. Outra vez ele falou que, em análise, o mais importante não é aquilo que o analista e o paciente podem fazer, mas o que a dupla pode fazer, onde a unidade biológica é dois e não um. O analista tem que reunir a tenacidade, a coragem e a temeridade, para poder insistir no direito de ser ele mesmo e ter sua própria opinião. A simples presença do psicanalista promove alteração no setting. Devemos ter certeza do que o paciente pode suportar, e devemos ter consideração para com o paciente. c) Pessoa real do analista: O analista deve se dar à oportunidade de aprender algo com o paciente e não permitir que o paciente ou quem quer que seja, insista que ele é uma espécie de deus que conhece todas as respostas, pois fazendo assim, estagrande pai grande . Para Bion, em toda situação analítica devem existir duas pessoas angustiadas e, completava jocosamente, espera-se que uma menos que a outra. O analista deve reconhecer suas próprias limitações, além daquelas do paciente, pois certos pacientes não são analisáveis. Pode não ser culpa do analista, nem do paciente, senão que simplesmente ainda não sabemos o suficiente. d) Visualizar as diferentes partes do paciente: em relação ao aspecto transferencial, que a situação mental do paciente não seja vista unicamente como espaçada no tempo passado, presente e futuro, mas que no lugar disso, o analista poderia

considerar a mente do paciente como um mapa militar, no qual tudo está retratado em sua superfície plana, ligada com vários contornos. O ser humano tem comportamento variável, sendo assim na situação analítica, o relacionamento do paciente não deve ser entendido unicamente com a pessoa do analista, mas, também com a do próprio paciente consigo mesmo, ou seja, do seu consciente com o seu inconsciente, de sua parte infantil com sua parte adulta, da não psicótica verdadeira com a outra parte que falsifica e mente etc. e) Respeito: O analista deve respeitar o paciente como ele é, ou pode vir a ser, e não como o analista gostaria que ele fosse. Porém, respeitar as limitações do paciente, não é o mesmo que se conformar com elas. O desenvolvimento da capacidade de só será possível se o analista (tal como a mãe, no passado) possuir as capacidades de empatia e a de rêverie, ou seja, de continência. f) Empatia: não é o mesmo que simpatia (ao lado de). É a capacidade do analista colocar-se no papel do paciente, isto é, entrar dentro dele, junto, sentir o que ele sente. g) Capacidade de ser continente: é a capacidade do analista (ou mãe) de conter as necessidades e anconnão deve ser confundida com te re-se que o paciente deposita aspectos seus, dentro

h)

i)

j)

k)

da mente do analista, e espera que durante algum tempo (o que for necessário) o analista devolva, ao seu legítimo dono, tudo devidamente descodificado, transformado e com um significado, um sentimento e um nome, completamente desintoxicado, sob a forma de assinalamentos ou interpretações em doses adequadas, ao modo como cada paciente em particular consegue suportar. Paciência: Essa condição está ligada à anterior, porém com sofrimento. Ela exige que o analista suporte a dor de uma espera de surgir uma luz no fim do túnel. Capacidade negativa: capacidade do analista conter suas próprias angústias decorrentes de ainda não saber o que se passa na situação analítica , pois temos um horror ao vazio, nós odiamos estar ignorantes. Intuição: capacidade que todo analista deve ter, que é a capacidade de se olhar com o chamado terceiro olho. Bion recomenda que o analista cubra sua própria visão, para que possa ver melhor. Que também o analista deve saber escutar não só as palavras e os sons, mas também a música. Ser verdadeiro: o analista deve ter amor à verdade, ser verdadeiro consigo mesmo e conseqüentemente para com o paciente. Ser verdadeiro vai muito além do dever ético, é uma imposição técnica mínima, com tudo a ser transmitido ao analisando, é ir a busca das verdades originais.

Resumindo o que foi dito acima: ouvir não é o mesmo que escutar; olhar é diferente de ver, enxergar; entender não é o mesmo que compreender; ter a mente saturada com a posse das verdades é distinto de um estado mental de amor pelas verdades; simpatia não é o mesmo que empatia; recipiente não é o mesmo que continente; ser bonzinho não deve ser confundido com ser bom; interpretar corretamente não significa que houve um efeito eficaz: adivinhar ou palpitar não é o mesmo que intuir; falar não é o mesmo que dizer; saber não é o mesmo que, de fato, ser! 13

Crise Atual da Psicanálise:

Para o mundo a psicanálise está em crise pelos seguintes motivos: 13.1 - Crise da psicanálise como teoria e técnica: As opiniões são divergentes, alguns psicanalistas se afastaram dos conceitos básicos da teoria psicanalítica, outros acham que a psicanálise não está acompanhando as mudanças da realidade do mundo atual, etc. 13.2 - Crises do psicanalista:

São inúmeras dificuldades, com uma série de fatores, como segue: situação econômica difícil para todos; rigidez na formação de um psicanalista no sistema do IPA com um tempo superior a quatro anos; a exigência de mais de 3 sessões semanais para os analisandos; valor de cada sessão muitas vezes um S.M. ou mais; algumas sociedades só aceitam candidatos médicos ou psicólogos; os sistemas de seguros de saúde costumam pagar tarifas muito baixas, quando se dispõem a pagar, com um número limitado de sessões, tanto semanal, como o total do tratamento; hostilidade provinda do ambiente universitário, onde os próprios psicanalistas se encastelaram em uma auto-suficiência; 14 - As perspectivas futuras da psicanálise: No Brasil a psicanálise está, a cada dia, crescendo e em todas as sociedades e institutos psicanalíticos do país existem cursos de formação. A expectativa é grande, pois estamos vendo quase que diariamente na mídia um psicanalista dando entrevista, emitindo opiniões e até mesmo nas novelas eles aparecem analisando os personagens.

As pessoas estão acostumando-se a procurar o tratamento psicanalítico, os pacientes indicam o tratamento também para seus parentes e amigos, e os psicanalistas são cada vez mais convidados para fazer palestras nas empresas, escolas, etc. Os congressos, jornadas e encontros psicanalíticos estão acontecendo nas capitais e cidades; revistas e livros especializados estão sendo editados. Cada dia mais, livros antigos são reeditados, e há também um maior número de artigos em jornais e revistas seculares, etc. Tudo isso prova que estamos vivenciando uma revolução da psicanálise no país. Cabe a cada psicanalista ler, estudar, participar dos grupos de estudos, congressos, divulgar o seu trabalho, seu consultório, etc. Cito como exemplo, de quando comecei a fazer a formação psicanalítica em 1997, quase não se via livros psicanalíticos nas livrarias do nordeste, mais precisamente aqui em Recife, Maceió, Aracaju e Salvador. Até as obras completas de Freud, foi preciso o livreiro encomendar direto da editora. Hoje em dia você encontra bons livros de psicanálise nas livrarias, a menos que a edição esteja esgotada, como também as obras completas, não só de Freud, como também de outros psicanalistas. Precisamos nos preparar a cada dia, pois sempre irão existir pessoas querendo melhorar como seres humanos, tanto mentalmente como fisicamente, como já dizia HiAí está a nossa grande oportunidade. Vá em frente! Estude sempre! Seja responsável, faça seu trabalho com qualidade e com ética.

Não deixando de fazer sua análise pessoal e supervisão sempre que for necessário.

1 - Texto de Freud O método psicanalítico de Freud (1903/1904)

SUMÁRIO 1 - Texto de Freud O método psicanalítico de Freud (1903/1904) 2 - BIBLIOGRAFIA

Designa a psicoterapia psicanalítica pelo método catártico, que era usado como hipnose. Procedimento: Hipnotizava ampliando a consciência Através desse enfoque eliminava os sintomas patológicos, fazia com que o paciente ma. Leva o paciente à lembranças, pensamentos e impulsos até então excluídos da consciência. O paciente não comunicava seu processo anímico, então, os sintomas eram superados e impediam seu retorno. Freud afirmava que os sintomas não chegam à consciência, tomam outro lugar - representando-se uma transformação (conversão). Acontece Em função da descarga de afeto gu nímicas suprimidas (ab-reação). Porém, nem todas as premissas sobre o mecanismo psíquico passavam pelo curso diferente - às vezes, desembocava na formação do sintoma.

A partir dessas fontes, Freud cria o método catártico - esse método renuncia à sugestão. Freud abandona a Hipnose e elabora uma nova abordagem clínica: 1 - Convida o paciente a deitar-se no divã ou cadeira 2 - Fora do seu campo visual 3 - Não era necessário fechar os olhos 4 - O paciente fala o que vier à cabeça 5 - Não podia ampliar a consciência - isso significa nada de auto-sugestão 6 - Freud substitui esse enfoque no pensamento involuntário (livre associação). Uma conversa sem sentido, passando de um assunto para outro irrelevante, fala-se de tudo sem recriminação ou julgamentos. 7- Une as histórias e trás à memória do paciente, visto que esquecem dos eventos (acontecimentos reais), confundem as relações de tempo, rompem com as conexões causais, tem um efeito incompreensível. Não há nenhuma história clínica de Neurose sem um tipo de entrevista. Como Procede ao entendimento da amnésia: 1 - As lacunas da memória são preenchidas (através do trabalho-áudio) 2 - Verifica se as ideias à respeito são repelidas (possuem uma crítica) 3 - Até que o paciente sinta-se fraco e mal quando as lembranças são instaladas completamente.

Freud conclui que a amnésia é resultado do processo que chamamos de recalcamento, motivada pelo sentido do desprazer. Estas forças que deram origem ao recalcamento estariam na Resistência que se opõe à restauração (lembranças). As formações Psíquicas recalcadas (pensamentos) - como deturpações provocadas pela resistência à sua produção. O valor das ideias intencionais para a técnica terapêutica reside nessa relação delas com o material psíquico recalcado. Então: sem hipnose. 14.1

- O procedimento para avançar

Objetivo: Permitir avançar das associações até o recalcado. Como? Observando as distorções até o distorcido - fazendo tornar acessível a consciência que era inconsciente na vida anímica. Baseado nesse procedimento, Freud cria a interpretação - extrai minério bruto das associações inintencionais - o metal puro dos pensamentos recalcados. 14.2 - São fatores observáveis para interpre- tação: A. Sonhos B. Ações intencionais

C. Atos somáticos D. Erros cometidos na vida cotidiana (lapsos de fala, equívocos de ação). Dessa forma, as lacunas são preenchidas criando as lembranças - assim, produz a interpretação - tarefa árdua pela qual somente quem se submete consegue entender. Assim, a descoberta elimina a amnésia e a doença não tem como reproduzir-se. Tornando o conteúdo inconsciente em consciente se consegue mediante superação da resistência. 1.3 - Objetivo do tratamento: Restabelecer ao sujeito sua capacidade de rendimento e satisfação. 1.4 - Contra-indicações do método: Estado psíquico anormal (surtos) Excesso de melancolia Má formação de caráter (alter ego) Faixa etária 1.5 - Indicações do método: Neurose Histérica Neurose Obsessiva Neurose Fóbica Alguns casos de pseudoneurose

1.6 - Tempo de tratamento: No mínimo 3 anos. Ajuda na prevenção de problemas futuros.

BIBLIOGRAFIA FREUD, Sigmund. O método psicanalítico de Freud, Volume VII (1904). Imago.

1. Introdução Conhecer as diferentes formas da transferência é para o psicanalista a condição básica para um trabalho bem sucedido. Sem um conhecimento preciso da transferência, a análise fica presa em um beco sem saída e não avança. Sendo assim, é da maior importância para o ini-

SUMÁRIO

ciante conhecer a transferência em suas diferentes variações, para que possa lidar com ela de modo eficaz.

1 - Introdução 2 O processo transferencial 3 Texto: A dinâmica da transferência, 1911 4 Transferência Positiva e Negativa 5 O enigma da transferência 6 Conclusão 7 - Bibliografia

Estou ciente de que aquilo que vou dizer já é conhecido e não muito novo para a maioria dos nossos colegas, mas é dever daqueles profissionais que lidam há mais tempo com a psicanálise, apresentar de forma aberta as suas experiências sobre pontos específicos da sua técnica e colocá-las em discussão. cobertas de Freud. Ela aponta para o curioso fato, ainda pouco estudado em termos psicológicos, de que o paciente psicanaliticamente tratado projeta todos os seus afetos sobre o analista. Principalmente afetos amorosos, de modo que alguns psicoterapeutas chegam, erroneamente,

a acreditar que a transferência é idêntica ao processo em

capacidade neles para certo tipo de afetividade. Dizemos

que o paciente se apaixona pelo psicanalista.

que eles não são capazes de amar ou de odiar, etc. No

No entanto, notamos no decurso de um processo

processo de análise, esses antigos nós podem ser, então,

analítico que o paciente também odeia o médico, que o

desatados e um punhado de afetos torna-se enfim dispo-

inveja, que o considera um rival, que o despreza e insul-

nível para o paciente. A quem ele vai dirigi-los durante o

ta, assim como também o superestima e excessivamente

tratamento? Ele precisa projetá-los sobre algum objeto

enaltece. Assim, a pergunta: cada

que se encontre no primeiro plano de seu campo de , deve ser respondida ne-

consciência. É evidente, portanto, que durante o trata-

gativamente. Um comentário pertinente de Freud [a este

mento este objeto será seu analista.

respeito] é:

A preocupação com a própria saúde é sempre o mais im.

portante interesse das pessoas. Na pessoa do analista, o

Devemos assumir que fenômenos semelhantes de

paciente ama e odeia a si mesmo, isso porque ele sempre

transferência afetiva e vínculo com outras pessoas fazem

se identifica com o esse profissional que o acompanha ou

parte dos fenômenos cotidianos. O que, então, nos torna

dele se diferencia.

a vida compreensível? Essa foi uma indagação que tentei responder e explicar de modo comprobatório em minha

Todos nós temos uma porção de afetos em suspenso, sempre à procura de um objeto ao qual eles possam se ligar. Nos neuróticos, muitos desses afetos já estão ligados, o que pode dar a impressão de uma aparente in-

2. O processo transferencial Feitas estas considerações iniciais, pretendemos agora estudar como a transferência se expressa na prática da psicanálise. Tomemos como exemplo o simples caso de uma moça sofrendo de histeria de angústia que, du-

rante o tratamento, expressou sérias dúvidas sobre o suor amor a seu marido e por não

crever, com a motivação bastante reduzida; o que tende a acontecer quando não intervimos na hora certa, chaman-

querer deixar de tentar o

do a atenção do paciente para o mecanismo de transfe-

queria então sentir-se culpada) submete-se ao tratamento.

rência.

Ela, então, apresenta-se com claras resistências à cura.

O que aconteceu? A paciente se apaixonou pelo

Chega às sessões, frequentemente, com quinze minutos

médico e, em um esforço inconsciente de não colocar

de atraso, o que é sempre um sinal preocupante para o

sua dignidade em risco um princípio orientador na

futuro do tratamento; e caçoa das diferentes perguntas

maioria dos neuróticos ela parte em retirada. O Psica-

colocadas pelo analista. Pedimos a ela para que, sim-

nalista deveria ter chamado sua atenção em um momento

plesmente, comunique o que lhe ocorre, no entanto, não

preciso para o deslocamento de afeto que havia sido ge-

lhe ocorre nada. Finalmente, ela consente em dar uma

rado. Ele deveria tê-lo exposto já quando a paciente se

palhinha da sua história clínica e isso seria tudo o que ela teria a dizer. Passam-se alguns dias e uma dúvida paira

por amor ao analista e que estava a ponto de se apaixo-

sobre a possibilidade de uma psicanálise. Eis que certo

nar por ele. Enfim, deveria ter a orientado de que este

dia ela chega cerca de quinze minutos mais cedo, expli-

amor constitui um fenômeno legítimo no processo psica-

cando que já se encontrava visivelmente aliviada após

nalítico e que, na verdade, seria um pseudo-amor; escla-

aqueles poucos encontros. Então, de uma só vez, ocorre-

recendo que ele (analista) teria assumido o papel de um

lhe uma porção de coisas; ela tem agora diversas coisas

ente querido por meio da identificação. Dessa forma no

pra contar e o tempo da consulta se torna curto. Assim

referido dia, ela teria, por esta ou aquela razão, realizado

acontece por mais alguns dias e com o tempo essa moça

a identificação com seu pai ou com outra pessoa.

vai ficando desmotivada, distante ou, como poderia des-

Na verdade, nós todos amamos apenas uma vez e todo amor subsequente seria sempre um amor substituti-

lade Viena, paciente de Freud e citado por ele como bilidoso para interpretar o incosciente .

vo. Também, o psicanalista estaria substituindo seus objetos amados da juventude pela psicanálise; o que torna-

3.1

Teoria da transferência de Stekel

ria possível a ele o sucesso. Porque, em verdade, far-se-

O que fazer com os afetos livres?

ia tudo apenas por amor ou por ódio (teimosia!). Por

- Projeção

meio deste esclarecimento, a paciente se tranquilizaria.

- Introjeção - Identificação

cisaria temer por sua dignidade, dado que o analista, constantemente (e de modo mais ou menos enérgico), contestaria seu enamoramento, deixando latente a quantidade necessária de transferência que ele precisaria para alcançar um bom resultado. Uma vez que a paciente se sinta segura de si mesma, isso então permitiria facilmente o desvelamento de sua imagem anímica interior. Ela só precisaria saber de duas coisas: que o analista não a despreza e que ele não a ama.

IDENTIFICAÇÃO - Histérica - Narcísica - Primária - Secundária 3.2- Qual a posição do analista na transferência (sentimentos)? Identificação com um ente querido Freud chamaria de ( *? ) Transferência 3.3 - Como acontece o manejo da transferência?

3 - Texto: A dinâmica da transferência, 1911

Por meio de imagens anímicas

Foi escrito por Freud e Jung, baseado na Teoria de Wilhelm Stekel, que foi contemporâneo de Freud na Esco-

Sonhos

E tudo que há no consultório do analista Na dinâmica do conjunto Freud e Stekel: Amamos na infância, ensaiamos a forma de lidar com este amor. Desta forma aprendemos as mais variadas características para uma vida amorosa. (Janise Pedra) 3.4 - Da dinâmica da metodologia Instinto Clichê Repetição

Objeto Curso da vida Objetos amorosos

3.5 - Expectativas libidinais A divisão do objeto amoroso entre Princípio do Prazer e; Princípio da Realidade As ações libidinais - divisa celular Caminha para a realidade Caminha para a fantasia, desconhece a consciência Aquele que não infantil (?) não se acha completamente satisfeito. Retorna à novas expectativas (Ideias, Representações libidinais) 3.6

A transferência pode acontecer Quando os afetos estão soltos

Imago do analista favorece Traços (sensato e racional) Expectativas conscientes e Inconscientes 3.7 - Conduta na transferência Transferência neurótica do paciente em análise é muito mais intensa. A Transferência aparece, mas há forte resistência ao tratamento, enquanto fora do processo de análise. A Transferência é portadora da cura como condição de sucesso. não deve, portanto, ser colocada na conta da psicanálise mas, atribuí-la RESISTÊNCIA TRANSFERÊNCIA Jung relata que há a introversão da Libido. A libido volta para si e diminui o contato com a realidade e o inconsciente pode liberar a fantasia da pessoa pela via da regressão - Reanimou a imagem infantil. O processo analítico, então, procura achá-la e torná-la acessível à realidade. Investigação Psicanalítica

Depara-se com a libido recolhida As forças Libidinais se levantam como resistência Causa introversão ou regressão Pelo fato de o mundo exterior provocar frustrações e satisfações 3.8 - Como a psicanálise lida com as resistências mais fortes Acompanhamento passo a passo de cada pensamento e cada ato do analisando. Seguindo o processo patogênico dessas representações (consciente, sintomas e atitudes discretas) até sua raiz no inconsciente, chegando onde a resistência vigora. Observe o exemplo a seguir: DESEJO REPRIMIDO Surge a transferência Quando um material do complexo pode ser transferido para o analista (ex: mãe de leite mineira e negra) A resistência aparece novamente

Assim, se faz as associações possíveis e, essas devem ser repetidas inúmeras vezes ao longo do processo analítico. Porque a transferência se presta, nesse contexto, admiravelmente, a servir como meio de resistência. E isto, em virtude da confissão de todo desejo proibido e especialmente, é difícil quando deve ser feito a própria pessoa à qual se diz respeito. 4 - TRANSFERÊNCIA POSITIVA OU NEGATIVA Sentimentos ternos ou hostis Transferência Positiva - amigáveis, ternos, tangíveis à consciência e ao inconsciente. Engloba todos os nossos sentimentos de afeto, simpatia, amizade e confiança. Ligam-se à sexualidade, se desenvolveram para enfraquecer a meta sexual. Anseios mais puros e não sensuais. - Pois é assim que o analisando faz quando concede o objeto de seus impulsos afetivos ao analista. A psicanálise nos faz ver que as pessoas em nossas vidas que são, apenas, estimadas e amadas podem, ainda assim, ser objeto sexual para o inconsciente. 5-

Quando há a transferência negativa e positiva de impulsos eróticos reprimidos Abordamos esse impulso

psicanalista. Mas não se deve esquecer que justamente eles nos prestam o inestimável serviço de tornar atuais e manifestos os impulsos amorosos ocultos. E esquecido pelo paciente, pois afinal, é impos-

O paciente se desliga do analista nos dois componentes dos atos afetivos (Janise Pedra) O paciente é capaz de ter nível de consciência e não repulsivo BIBLIOGRAFIA Sucesso da psicanálise Cuidamos da independência final do paciente através de orientações para melhorar a psique. 6 - Conclusão A Transferência é um fenômeno (?) ao da Psicanálise Não acontece Instituições Causadores de danos Transferência negativa Angústia Inibição Acusa a ambivalência Dificultando ou anulando a cura É inegável que o controle dos fenômenos de transferência oferecem mais dificuldades ao

FREUD, Sigmund. A dinâmica da transferência , Vol XII. Imago.

SUMÁRIO 1 Construção da análise 2 As causas subjacentes 3 Fatores determinantes para o processo analítico ser bem sucedido 4 Procedimentos 5 Análise Inacabada 6 Quanto ao termino 7 Realização como tratamento profilático 8 - Bibliografia

1

Construção da análise O último escrito de Freud a ser publicado antes de seu falecimento Conferência 22 a 23 no ano de 1916 a 1917 Propõe uma análise sobre os limites e dificuldades do processo analítico Mostra uma perspectiva não entusiasta

2

As causas subjacentes Fisiológicas e Biológicas (puberdade, menopausa, doenças etc) Instinto de morte (Pulsão de morte)

3 - Fatores determinantes para o processo analítico ser bem sucedido Prognóstico favorável - no caso de origem traumática A importância quantitativa Alteração do Ego (Fator principal) 4

Procedimentos No final da análise as forças instituais foram liberadas, o paciente será capaz de lidar com o conflito atual em relação ao conflito latente. Cuide em não fazer promessas ao paciente. Determinar o tempo de análise é estratégia perigosa O erro de cálculo não pode ser retificado. O ditado que o leão só salta uma vez deve ser aplicado aqui. Não há mais impedimentos de alcançar seus objetivos.

5

Análise inacabada

Então: Falaremos de análise incompleta ou inacabada.

consegue resolver todas as repressões do paciente e preencher todas as lacunas em suas lembranças. Não há mais insight. 6

Quando há o término? Enquanto houver imperfeições no mental, se sua análise não foi terminada, logo nunca analisou até o fim. A análise deixa de existir quando o analista e paciente deixam de existir. O Paciente não sofre mais: Ansiedade, Inibições, Sintomas. Quando o paciente não repete mais.

Fator constitucional (operação inconsciente) Trauma Fixação Distúrbio do desenvolvimento Sucesso da Análise Fator traumático

ambicioso - diz que o analista Fortalece o Ego

Substitui uma decisão infantil para uma solução correta Freud acreditava que os futuros psicanalistas desenvolveriam técnicas mais eficazes. Conteúdo de análise Repressões da primeira infância Formada por um Ego imaturo e débil

compensados e super-compensados. Alguém muito meigo - Autoritário Bondoso - Hostil (Isto é conteúdo residual) A linha do tempo do inconsciente é atemporal INSIGHT: Manifestação de conteúdo mnêmico (Neurose) Auxiliador da eficácia da análise O resultado depende das forças relativas dos agentes psíquicos.

As repressões antigas - tem como finalidade certa alguns conflitos Objetivo de não fracassar.

Análise interminável

A análise capacita o Ego atingir maturidade (tomada de decisões)

COMO?

O Efeito da análise é intelectual, pois o conteúdo re-processado descobri generalizações, regras e que tais organizam o caos (instinto).

a) Mediante a frustração b) Represamento da Libido Como fazer isso? Elevamos o conflito à um ponto culminante, muito alto.

Relação quantitativa

Acordar o cão que está dormindo

Conteúdo da análise

Ou nunca está dormindo e sim adormecido

O tamanho da angústia é tentador pensar que há muitos resíduos, pois foram

Como podemos fazer?

De sofrimento real

a) Proporcionar situação de conflito para se tornar presente e ativo b) Oferecer possibilidade para despertá-lo De que maneira? Na realidade ou na transferência expomos o paciente a uma quantidade

SUMÁRIO 7- Realização como tratamento profilático a) Influência do Ego na etiologia traumática. As forças relativas do instinto tem que ser controladas e dominadas pelo ego. b) A importância do fator quantitativo c) Alteração do ego. BIBLIOGRAFIA

1 A mudança das técnicas 2 - O objetivo das técnicas 3 Processo de transformação 4 Nos relatórios é necessário 5 5 - Bibliografia

1 - A Mudança das técnicas Catarse Breuer Foco Momento da formação do sintoma. A recordação era Ab-reagir Renuncia a Hipnose - Entrada da Livre Associação do analisando, o que ele não conseguia recordar. Seria a arte de interpretar Foco - Tornar consciente suas resistências. 2 - O objetivo das técnicas Termos descritivos em termos dinâmicos; superação da resistência da repressão.

Caso de Amnésia infantil é contrabalanceado pelas lembranças encobridoras ligadas à vida infantil na essência. Podemos extraí-la por meio da análise. Representa anos esquecidos na infância. puramente internos, podem ser contrapostos: Às impressões vivenciadas Às fantasias Referências Sentimentos Conexões VOCABULÁRIO Eventos = Processos Acontecimento Evento

Parece ser caso

3 - Processo de Transformação Bloqueio de tela Esquecimento das impressões, cenas, vivências reduzem-se em geral a Bloqueio de tela Paciente disse: eu sempre, eu sempre soube, só nunca tinha pensado nisso. Não quer dizer que foram esquecidas - Nunca mais fora falado deste momento esquecido ou nunca pensou mais desde que o momento aconteceu. Histeria de Conversão O esquecimento sofre ainda limitações, se apreciarmos as lembranças encobridoras de presença universal.

Nos Referências, sentimentos, conexões associamos aos sentimentos omissos Processos de referenciamentos emocionais de sentimentos. Moção Triebregung Moção pulsional em alemão - verbo Regen - Significa - Mover Agitar o Estimular o Mover o Agir o Impulsos Emocionais

Ao relatar o fato no relatório - precisamos registrar as conexões separadamente como o esquecer e o recordar. 4 - Nos Relatórios é necessário: Relatos de infância: Época que foram vividas sem compreensão e o posterior (Lugar com afeto foi recordar). As técnicas ainda não conseguiram despertar lembranças Através das manifestações do inconsciente podemos conhecê-las. Relatar - À ausência de familiaridade com a sensação de lembranças e recusá-la entender. O que é lembrado não pode ser esquecido há um caminho, pois o que foi lembrado ou esquecido não chegou na consciência Pois não faz conexões. Nem tudo precisa ser lembrado no curso da análise. As recordações e lembranças relatadas não são propriamente ditas de fato integra. A manifestação do consciente é uma atuação. A reprodução não é como lembrança e sim como ato - Repete naturalmente o que faz No nosso relatório devem constar as atuações contínuas. Registrar a linha de interesse em relação à compulsão de repetição - c transferência e a resistência. Observar

Transferências como parte da repetição. Repetição como evento do passado esquecido. A compulsão de repetição - como impulso à recordação, como a masturbação, como todas as atitudes da vida. A escolha do seu objeto amoroso - seus empreendimentos. Como se observar este fato? Quanto maior a resistência - O recordar será substituido pelo ativar. Análise muito minuciosa no registro: Repetição # Lembrança Características das repetições: Inibições Atitudes inviáveis Traços patológicos de caráter Sintomas.

BIBLIOGRAFIA

SOCIEDADE SUMMUS FICHA DE ATENDIMENTO CLÍNICO Nome: _________________________________________

SOCIEDADE SUMMUS CONTROLE DE SESSÕES DE ANÁLISE Cliente:

Normal (

)

Didática (

)

Data de Nascimento: ____/___/____ Idade ______ anos

Pseudônimo:_____________________________________

Filiação:________________________________________ _______________________________________________ Nacionalidade ___________ Naturalidade:_____________ Estado: ____ Estado civil: _________ Filhos: S ( ) - N ( )

Número: ____ Sessões: _____ Psicanalista: ___________

Nº de filhos: _____ Nome dos filhos:__________________ _______________________________________________ Cônjuge: ________________________________________ Escolaridade: ____________________________________ Profissão: _______________________________________ Atividade atual: __________________________________ Endereço residencial: CEP (___________________) _______________________________________________ _______________________________________________ TELEFONES: ________________-___________________ Endereço comercial: CEP (___________________) _______________________________________________ Telefones: __________________ - __________________ E-mail: _________________________________________ Data de início: ____/___/____

Data 1-____/____/____ 2-____/____/____ 3-____/____/____ 4-____/____/____ 5-____/____/____ 6-____/____/____ 7-____/____/____ 8-____/____/____ 9-____/____/____ 10-___/____/____ 11-___/____/____ 12-___/____/____ 13-___/____/____ 14-___/____/____ 15-___/____/____ 16-___/____/____ 17-___/____/____ 18-___/____/____ 19-___/____/____ 20-___/____/____ 21-___/____/____ 22-___/____/____ 23-___/____/____ 24-___/____/____ 25-___/____/____

Horário Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H Das ________ às ______H

Anotações:

Assinatura:_________________

SOCIEDADE SUMMUS Pseudônimo: _________________________________________________________ Queixa principal: O que motivou você a procurar um Psicanalista? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

História da doença atual: a) Instalação, curso e duração: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

b) Consequências: Problemas médicos: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

Problemas sócio-econômicos: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

Problemas com relações interpessoais: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

Situação escolar laborativa: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

História patológica pregressa: a) Problemas médicos concomitantes: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ b) História médica pregressa: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ c) Tabagismo, etilismo e drogas: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ d) Você tem alguma mania? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ História pessoal (história psicossocial): a) Período Pré-natal e Perinatal: Condições de gestação: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Principal Figura Parental: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ b) Período Pré-escolar: Desenvolvimento psicomotor: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________

Primeiras lembranças: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ c) Período escolar e adolescência: Relações sociais: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ História escolar: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Sexualidade: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ d) Idade adulta: Atividades laborativas: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Vida social: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Vida sexual: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ___________________________________________________ História familiar: a) História de doença mental na família: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ b) Relacionamento com os familiares: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ c) Dinâmica familiar: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ d) Situação social atual: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Constituição familiar: ( ) irmãos

( ) irmãs

( ) ordem na família (ex.3º )

Observações: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

ANOTAÇÕES DO PACIENTE Pseudônimo:______________________________________

Data

Anotações Psicanalista Clínico:_____________________________

Declaração de Comparecimento

Atesto para os devidos fins que ___________________________ _____________________________________________________ esteve sob meus cuidados, no período de --------/ -----------/ ---------

Belo Horizonte/MG, _____de___________________20_____

______________________________________________ Assinatura/Carimbo

(Endereço)

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