A crise americana de 1929 - Artigo

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A CRISE AMERICANA DE 1929: UMA ANÁLISE DOS SEUS IMPACTOS

Felipe Bessa de Souza1 Marcos Davi de Lima Gonçalves2 Matheus Alencar da Silva3 Matheus Gomes Lima4 Samille Kricia Bezerra de Lima5

RESUMO

O grande crescimento econômico norte-americano, causado durante e após a primeira guerra, tornou-o uma potência global. No entanto, essa ascensão não perdurou, dando lugar a maior crise econômica mundial, ocorrida entre os anos de 1929 e 1933. A grande depressão que se instalou naquele período desestruturou a economia como um todo, atingindo em primeiro lugar os Estados Unidos, e posteriormente espalhando-se por todos os países capitalistas. O resultado disso foi uma drástica mudança no quadro político e econômico do país, obrigando o estado a realizar intervenções diretas na economia, indo contra o liberalismo clássico em vigor. Este trabalho busca analisar a crise de 1929 além de observar seus aspectos positivos e negativos explanando suas causas e consequências, bem como as soluções encontradas para minimizar seus efeitos. Por fim, apresenta-se como solução para fuga da crise a adoção de um novo plano econômico, o New Deal, implementado pelo presidente Roosevelt em 1932, cujos princípios baseavam-se na teoria keynesiana.

Palavras-chave: Crise de 1929. Grande Depressão. Economia. New Deal.

1Graduando

em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Ceará, Russas, Ceará. Email: [email protected] Graduando em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Ceará, Russas, Ceará. Email: [email protected] 3 Graduando em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Ceará, Russas, Ceará. Email: [email protected] 4 Graduando em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Ceará, Russas, Ceará. Email: [email protected] 5 Graduando em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Ceará, Russas, Ceará. Email: [email protected] 2

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THE AMERICAN CRISIS OF 1929: AN ANALYSIS OF ITS IMPACT

ABSTRACT

The great North American economic growth, caused during and after the first war, made it a global power. However, this ascent didn't last, giving space to the world's biggest economic crisis, occurred between the years of 1929 e 1933. The great depression that settled in that period de-structured the economy as a whole, affecting in the first place the United States, and later spreading through all the capitalist countries. The result of that was a drastic change in the politis and economy of the country, forcing the state to make direct interventions in the economy, going against the classic liberalism followed at the time. This article's goal is to analyze the crisis of 1929 and to observe its positive and negative aspects explaining its causes and consequences, as well as the solutions found to minimize their effects. Finally, a new economic plan is presented as solution to escape of the crisis, the New Deal, implemented by the president Roosevelt in 1932, witch principles were based in the Keynesian theory.

Keywords: Crisis of 1929. Great Depression. Economy. New Deal.

1 INTRODUÇÃO A Crise de 1929, e a “grande depressão” mundial resultante, mudaram as coordenadas sociais e políticas do mundo (COGGIOLA, 2015). Os impactos não se detiveram apenas aos setores econômicos, muito menos a apenas uma região, atingindo os mais diversos setores sociais espalhados ao redor do mundo. Foi nos Estados Unidos da América (EUA) que se deu o estopim da grande crise. A economia Norte-Americana teve uma grande ascensão durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Como os países europeus estavam em estado de guerra, suas indústrias e produções encontravam-se comprometidas, cabendo aos americanos suprir a demanda europeia, bem como, ceder, na forma de empréstimos, recursos financeiros para serem investidos na guerra. De fato, os EUA obtiveram muitos benefícios, uma vez que seu envolvimento direto só se deu ao fim da guerra, além do que praticamente não houveram ataques em seu território. Cyro Rezende (2008) pontua como alguns dos motivos do desenvolvimento econômico e financeiro dos EUA as altas taxas de acumulação de capital e investimentos, o

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crescimento demográfico, a expansão do crédito, a condição de primeiro produtor mundial de carvão, eletricidade, petróleo, ferro e aço fundidos, metais não ferrosos e fibras têxteis e, por fim, um balanço de pagamentos sempre favorável. Além disso, cita-se o pioneirismo do consumo de massa de bens duráveis, a incorporação de tecnologias modernas e a política fordista (MARTINS & KRILOW, 2015). Embora não houvesse equiparidade em todas as esferas sociais, a nação por inteiro sofria as influências advindas dessa política econômica. O fim da primeira guerra mundial trouxe a nação estadunidense o ápice desse crescimento econômico, visto que estes erguem-se daí como a principal potência econômica do globo. Os anos 20, também conhecidos como “Loucos Anos 20”, foram marcados pelo superaquecimento econômico, dando origem a geração em massa de produtos, empregos e renda. Euforia, desenvolvimento científico e consumo desenfreado eram palavras de ordem para caracterizar o período. No entanto, esse crescimento econômico não durou muito, dando lugar a uma crise econômica que alastrou-se tomando grandes proporções ao redor do mundo, sendo agravado graças a política liberal predominante, uma vez que esta pregava que o mercado por si só regularizaria a economia. Com o início da recuperação do setor produtivo dos países europeus, a produção norte-americana começou a entrar em declínio. No dia 29 de outubro, marcado pelo colapso das bolsas, os bancos do país estavam sobrecarregados de dívidas não saldadas, ações supervalorizadas de empresas que estavam em queda e, assim, recusaram refinanciamentos ou novos empréstimos para a habitação, automóveis, dentre outros (CHOMA, 2008). O presente estudo analisa o contexto histórico em torno da grande crise de 1929, bem como propõe uma avaliação das causas e consequências da depressão econômica e seus efeitos no Brasil e no mundo. Ademais, afere acerca das soluções aplicadas à época com o intuito de solucionar a problemática de cunho mundial.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Crash da Bolsa de Valores: Causas e Consequências O período era de ascensão econômica, os EUA lucravam tanto como vendas de armas e produtos industrializados, como com a intensa expansão do crédito. Com o crescimento acelerado e excesso de liquidez, os bancos passaram a propor medidas que influenciavam e facilitavam a empréstimos, conduzindo ao crescimento acelerado das linhas de crédito, e com

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elas, as dívidas. Os americanos viviam um período de luxo e prosperidade, baseando-se no consumismo e no chamado “American Way of Life”. A superprodução tomou conta dos estoques estadunidenses e as importações eram crescentes. No entanto, o fim da guerra foi acompanhado pela decadência Europeia, e com isso a redução das exportação dos produtos industrializados. No mais, os empréstimos numerosos realizados no período mostravam-se sem qualquer esperança de serem sanados. A crise tomava forma, a concentração de renda e a alta taxa de desemprego mostravam as caras. As autoridades davam os primeiros indícios de sua preocupação. Segundo o relatório aos membros do Partido Comunista Russo, utilizado por Trotsky (1921, apud CHOMA, 2008) para o III Congresso da Internacional Comunista; 23 de junho de 1921: Quais são as perspectivas econômicas imediatas? É evidente que América se verá obrigada a diminuir sua produção, não tendo a possibilidade de reconquistar o mercado europeu de antes da guerra. Por outro lado, Europa não poderá reconstruir suas regiões mais devastadas nem os ramos mais importantes de sua indústria. Por essa razão, assistiremos no futuro a uma volta penosa ao estado econômico de antes da guerra e a uma dilatada crise. As flutuações cíclicas seguirão tendo lugar, mas em geral, a curva do desenvolvimento capitalista não se inclinará para cima senão para abaixo.

A recuperação dos países atingidos pela guerra e a redução nas exportações levavam a economia americana ao colapso. A oferta e a demanda forçavam a queda dos preços e a consequente desvalorização dos produtos. Isso fez com que a bolsa de valores de Nova York desvalorizasse rapidamente, com as ações sendo vendidas cerca de 80% a menos em relação ao seu real valor cotado pelos acionistas. As empresas compartilhavam de uma mesma realidade: muito estoque, poucos lucros, sem investidores e com muitas dívidas. Isso levou a sua inevitável falência, atingindo desde pequenos até grandes empresários e fazendeiros. A atividade bancária foi um dos ramos que mais sofreu, pois estes haviam feito grandes empréstimos para fazendeiros e empresários com o intuito de aumentar sua produção, porém eles tornaram-se totalmente incapazes de quitar suas dívidas. Somando-se a isso, as pessoas estavam retirando todas as suas reservas depositadas em poupanças, temendo uma possível falência. Os bancos viram seus cofres se esvaziando. Entre 1920 e 1930, aproximadamente 14 mil instituições bancárias foram fechadas. Devido a isso, a quantidade de fundos disponível no mercado também diminuiu, provocando uma queda de cerca de 46% da produção industrial norte-americana. Casos de suicídio se tornaram bastante comuns nessa época em todas as classes da sociedade. O consumidor sentiu a perda do poder

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de compra causado pela queda nos preços das ações e por isso diminuiu seus gastos, reduzindo a venda no comércio e atividade econômica como um todo. Em 24 de Outubro de 1929, na chamada quinta-feira negra, ocorre a tão temida quebra da bolsa, ocasionando perdas inimagináveis que atingiriam diversas esferas sociais ao redor do mundo e o total desequilíbrio dos setores econômicos. Outras crises cíclicas já haviam afetado as economias mundiais, porém, nenhuma com a proporção que tomou a crise de 1929. Gráfico 1 – Cotação das ações na Bolsa de Nova York entre 1926 e 1938. Indice “Stadard Statistics” (base: 1926 = 100)

Fonte: COGGIOLA, Osvaldo. O Craque de 1929 e a grande depressão da década de 1930, p. 6 (2015)

De acordo com os historiadores E. Hobsbawn e Paul Kennedy estima-se que, entre 1929 e 1931, a produção norte-americana de automóveis caiu pela metade. Entre 1929 e 1932, as exportações e importações (trigo, seda, borracha, chá, cobre, algodão, café etc.) despencaram em taxas de 70%. (CHOMA, 2008). O gráfico 1 expressa a cotação das ações na bolsa de Nova York apresentando o brusco declínio dessas. Ao perceber a diminuição do consumo, o setor produtivo passou a investir e produzir menos, compensando seus déficits com a demissão de funcionários. O resultado óbvio foi o desemprego generalizado ou a redução salarial. Este chegou a níveis nunca vistos antes na história do capitalismo. O número de desempregados passou de quatro milhões, em 1929, para treze milhões, em 1930 - 25% de toda a força de trabalho no país. (SCIRICA, 2009 p.171). O ciclo vicioso se completou quando, devido à falta de renda, o consumo caiu ainda mais, forçando uma diminuição nos preços.

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Tabela 1: Dados econômicos dos Estados Unidos

Fonte: Blanchard (2004)

De 3,2 % em 1929 à 24,9 % em 1932, as taxas de desemprego eram cada vez mais assustadoras, conforme tabela 1 (BLANCHARD, 2004). Assim, o desemprego em massa produzia cenas macabras como as enormes filas de sopas conhecidas como Marchas da Fome em bairros operários onde as fábricas estavam totalmente paradas. (CHOMA, 2008). A população do país se aglomerava por um prato de comida rala, por um pedaço de pão, ou em busca de qualquer serviço que lhes oferecessem. Como consequência desse aumento da população pobre, houve a formação das chamadas Hoovervilles nos EUA, que nada mais eram do que grandes “favelas”. Esses aglomerados receberam esse nome devido o movimento de milhares de ex-veteranos de guerra que se dirigiram até a Casa Branca, cobrando o Presidente da época, Herbert Hoover, seu pagamento do auxílio financeiro. Como um protesto, se instalaram diante do Congresso, construindo barracos, que receberam essa denominação. No entanto, elas se espalharam por todo os Estados Unidos durante o período de crise.

2.2 Efeitos no Mundo

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A crise não ficou restrita somente aos Estados Unidos. Não só o desemprego, mas também a falência de bancos e empresas foram efeitos sentidos em praticamente todo o mundo capitalista. As economias internacionais já eram ligadas, e ações de um país podiam ter influência em todo o mundo (BIERMAN, 2008). Americanos liquidaram todo seu dinheiro emprestado em bancos e empresas europeias, ocasionando inúmeras falências e aumento no desemprego. Na América Latina, houve uma grande redução no número de exportações de produtos agrícolas e matéria-prima, esses comprados principalmente pelos Estados Unidos, assim resultando no aumento do desemprego e da miséria nesta região. Os países asiáticos também sofreram, pois houve uma queda nas exportações de alguns de seus produtos para Europa e Estados Unidos. Como consequências, empresas tiveram que demitir ou reduzir salários. No Japão, a carência aumentou em grandes proporções, principalmente entre as classes mais baixas, ocasionando a abertura para a ascensão do fascismo japonês. A democracia burguesa que dominava o mundo também sofreu com a Grande Depressão. “Uma crise econômica, porém, produziu um golpe colossal contra esse sistema de dominação” (CHOMA, 2008). Diante disso, outras formas de governo surgiram pelo mundo e ganharam força entre a população, entre elas, o socialismo obteve certa atenção devido ao prestígio da URSS, que praticamente não sofreu com a crise. A União Soviética vinha sendo boicotada pelos países capitalistas após a revolução socialista, isso amenizou as consequências da crise na sua economia. Na Itália e Alemanha, governos totalitaristas surgiram como uma solução para crise que se alastrava nestes países. As classes baixa e média que estavam desempregadas pararam de acreditar em seus atuais governos. É nesse momento que o fascismo e o nazismo, apoiados por boa parte da população, ganharam forças como uma suposta solução para a crise. 2.3 Efeitos no Brasil O Brasil também sofreu com a crise. Getúlio Vargas deu a seguinte declaração, em 1950, sobre a situação do café durante seu governo: Está na memória de todos a situação angustiosa em que encontrei a lavoura de café, ao assumir o governo, em 1930. De um lado, enormes estoques, invendáveis na ocasião, exerciam forte pressão baixista sobre o nosso principal produto; de outro, a falta de crédito agravava ainda mais as cores já tão sombrias desse quadro inquietador.

8 Impunha-se a adoção de medidas extremas, de emergência, até que, restabelecida a normalidade da vida cafeeira, fosse possível planejar uma política a longo termo. Desobstruindo o caminho, com a retirada daquela montanha de café que ameaçava permanentemente os preços, e, portanto, as colheitas futuras, entramos em fase de comércio normal, que permitiu a melhoria de cotações, inclusive o recente aumento dos preços verificados. Ao mesmo tempo em que iniciávamos ativa propaganda do café brasileiro, abrindo novos mercados e desenvolvendo os mercados tradicionais, desde o Japão aos Estados Unidos da América, criávamos o aparelhamento interno de assistência e melhoria da lavoura cafeeira. E, então, o emocionante espetáculo das floradas brancas, puras como os ideais que se abrigam no coração dos homens do campo, no peio de nossos lavradores, se repetirá, de quebrada em quebrada, como um facho de luz e de esperança, como um símbolo da riqueza de São Paulo e do Brasil.

Cerca de 80% do café exportado pelo Brasil era comprado pelos Estados Unidos (BAER, 1996, p 50). Como o país norte-americano passava por um momento de instabilidade econômica, essa exportação caiu drasticamente. Com essa queda o preço do café não se manteve, pois a demanda estava despencando. A solução encontrada pelo governo brasileiro para que não houvesse uma desvalorização ainda maior do preço do café foi diminuir o oferta. Isso foi feito através da queima de grandes quantidades do produto, muitos até utilizaram o café como combustível. Essa desvalorização do café nacional fez com que os cafeicultores procurassem uma outra forma de lucrar. Muitos investimentos foram transferidos para o setor industrial. Essa migração da produção do café para a indústria foi de suma importância para o desenvolvimento brasileiro. Mesmo após o investimento no setor industrial, os primeiros anos da crise não permitiram um grande crescimento nessa área. Somente depois de alguns anos a economia brasileira se adaptou e a indústria realmente começou a crescer, como está expresso na Tabela 2. Tabela 2: Industria de transformação, Estado de São Paulo, 1928-1932

Fonte: SUZIGAN, Wilson. A industrialização de São Paulo, p. 95. Obs: *1935=100 **Mil contos de réis(1971)

3 SOLUÇÃO 3.1 Liberalismo e Keynesianismo

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Até o período da crise, a principal corrente econômica aceita no mundo acadêmico era o liberalismo clássico. Esta vertente baseava- se na não intervenção do Estado e da auto regulação do mercado, movida principalmente pelo desejo individualista de gerar lucro e aumentar a renda. Deste modo, Adam Smith, um dos principais pensadores do liberalismo, formulou o conceito de mão invisível e sintetizou a função individual de cada pessoa para o aumento geral de renda: (...)ele [cada indivíduo] tem em vista apenas sua própria segurança; ao orientar sua atividade de tal maneira que sua produção possa ser de maior valor, visa apenas o seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por uma mão invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções. Aliás, nem sempre é pior para a sociedade que esse objetivo não faça parte das intenções do indivíduo. Ao perseguir seus próprios objetivos, o indivíduo muitas vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quanto tenciona realmente promovê-lo. (SMITH, 1983, p. 379).

Porém, com o advento da crise de 1929, a questão da intervenção do Estado foi repensada e correntes como o Keynesianismo ganharam espaço.

Segundo o economista

britânico John Maynard Keynes, a crise surge principalmente quando há maquinas e trabalhadores que não estão em atividade por causa de altos índices de desemprego, diferentemente da vertente liberal que acreditava que a falta de poupanças desencadeava crises. Além disto, Keynes discordava da Lei de Say, na qual a oferta teria sempre sua demanda. Para o economista, era preciso que o estado intervisse para regular a demanda. Diante disso, o Estado deveria promover o aumento da demanda através de déficits de orçamento, investimentos de capital do governo e protecionismos. Com isso, o poder aquisitivo da população iria aumentar e índices de desemprego iriam decair. (KEYNES, 1936, p. 15).

3.2 O New Deal

A solução para o cenário no qual se encontrava os EUA durante esse período de crise foi proposta por Franklin D. Roosevelt, candidato democrata que foi eleito em 1932. Baseando- se nas ideias propostas por Keynes, Roosevelt implementou, em 1933, uma série de programas denominada New Deal, que tinha como objetivo recuperar a economia e o índice de emprego. O New Deal teve um caráter emergencial, focando- se basicamente em recuperação, não buscando elevada ascensão. Inicialmente, considerada a primeira fase do New Deal, houve a implementação de medidas emergenciais para amenizar a situação da crise. A principal medida foi o investimento

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em obras públicas como estradas, escolas, hospitais, entre outros. Através destes investimentos, baseando- se no controle da demanda formulada por Keynes, haveria um maior número de empregos e a renda da população iria aumentar, incentivando o consumo. Além disso, houve a criação da National Recovery Act (NRA), no qual o governo podia impor as condições de competição entre empresas, gerando assim carteis para poder elevar a renda dos trabalhadores. (LIMONCIC, 1999, p.130). Ademais, houve o apoio à agricultura com subsídios e compras de estoque para a redução de preços. Já em 1935, foi implementado a segunda fase do New Deal. Nesta etapa, foram criadas agencias como, por exemplo, Civilian Conservation Corps (CCC) e Works Progress Administration (WPA). A principal função destas agências era promover empregos e direitos trabalhistas, sendo que este obteve grandes avanços como a previdência, redução de carga horaria e abolição do trabalho infantil. (FRIEDEN, 2008, p. 197) A partir da aplicação das medidas do New Deal, é possível perceber que o número de desempregados, a partir de 1933, teve uma redução considerável como pode ser observado no gráfico 2. Grafico 2 – Produção industrial e emprego nos EUA

Fonte: Adaptado de Adam Hart-Davis, History: the definitive visual guide, DK, 2007, p. 385

Além disso, houve a elevação do PIB dos EUA a partir da implementação do New Deal, que havia sofrido uma queda brusca com a crise. Por causa da dependência que os outros países europeus possuíam em relação a economia americana, houve também a elevação do PIB nesses países. É possível confirmar estes fatos através do gráfico 3.

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Grafico 3- Volume do PIB de alguns países entre 1921 e 1939 (Base: 1913= 100)

Fonte: COGGIOLA, Osvaldo. A Crise de 1929 e a Grande Depressão da Década de 1930. 2015

4. CONCLUSÃO

O período de ascensão da economia norte americana após a Primeira Guerra Mundial proporcionou o desenvolvimento de uma potência econômica e de uma população com elevado índice de consumo. Este cenário foi ideal para o aumento de especulações, e com a redução das exportações para a Europa, houve a crise que abalou severamente a condição financeira da população. A crise de 1929 atingiu não somente os EUA, mas também grande parte da Europa e até mesmo o Brasil, já que a economia mundial dependia do país com maior potencial econômico da época. Consequentemente, partidos que possuíam propostas nacionalistas e de maior intervenção do Estado ganharam apoio das populações. Deste modo, a Grande Depressão foi um dos fatores que facilitaram, indiretamente, a implantação de regimes totalitários como o Nazismo e Fascismo na Europa. Além disto, a crise de 1929 foi o principal motivo para o questionamento da eficiência do liberalismo clássico, destacando- se, desse modo, ideais econômicos que visam a maior intervenção do governo no controle da economia. O Keynesianismo foi a teoria economia que ganhou mais relevância. Como forma de conter a crise, Roosevelt utilizou o Keynesianismo para conter a crise implementando uma série de medidas denominada New Deal. Este programa obteve sucesso em atenuar a crise e facilitar o ressurgimento dos EUA como potência após a Segunda

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Guerra Mundial, já que conseguiu reduzir o número de desempregados e proporcionou a elevação do PIB após a queda brusca durante a crise.

REFERÊNCIAS BUARQUE, Daniel. Queda das bolsas em 1929 anunciava Grande Depressão americana. Disponível em: . Acessado em 25/04/2018.

CHOMA, Jeferson. A crise de 1929 e a Grande Depressão. Disponível em: . Acessado em 25/04/2018.

COGGIOLA, Osvaldo. A Crise de 1929 e a Grande Depressão da Década de 1930. 2015. Disponivel em: < https://www.researchgate.net/publication/287205265_A_Crise_de_1929_e_a_Grande_Depres sao_da_Decada_de_1930?enrichId=rgreq-2af08f32c63fa9b3644db6138ee11343XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NzIwNTI2NTtBUzozMDc3MzcxNTI0MjU5OD VAMTQ1MDM4MTY2Mjg1Mw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf> Acessodo em: 27/04/2018.

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KEYNES, John Maynard. The General Theory of Employment, Interest and Money. Londres: Macmillan Press Ltd, 1973. Traduzido por Adroaldo Moura da Silva, Editora Nova Cultural Ltda, São Paulo: 1996.

LIMONCIC, Flávio. Do pacto Nacional à globalização: Estado e sindicato na regulação do capitalismo norte-americano. Dísponivel

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MAIA, Andréa Casa Nova. Representações da crise de 1929 na imprensa brasileira: relações entre história, mídia e cultura. Disponível em: . Acessado em 26/04/2018.

MARTINS, Luis Carlos do Passos. KRILOW, Letícia Sabina Wermeier. A Crise de 1929 e seus reflexos no Brasil: a repercussão do crack na Bolsa de Nova York na imprensa brasileira.

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em:


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REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História econômica geral. 9o ed. São Paulo: Contexto, 2008. SMITH, A. A riqueza das nações – investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

HART- DAVIS, Adam, History: the definitive visual guide, DK, 2007.

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